23 fev, 2019 - 19:21 • Tiago Palma
Milhares de apoiantes de Nicolás Maduro, concentrados no centro da capital Caracas, assistiram este sábado ao discurso daquele que se intitula “Presidente operário”, garantindo Maduro que continuará, “de pé”, a liderar os destinos do país.
Aos apoiantes, e num dia em que também aqueles que defendem Guaidó como Presidente interino saíram às ruas da capital, Maduro descreve-os como “os indestrutíveis”. Mas também “invisíveis” aos olhos da comunicação social internacional. “Vocês são invisíveis aos jornalistas que vêm do mundo. Eles não mostram o povo a sério, não mostram aquilo de que é feito, não mostram que nós, os filhos de Hugo Chávez, somos a maioria”, disse.
A Guaidó, e tal como já o havia feito durante a semana, Maduro desafiou-o, provocatoriamente, a convocar (se conseguir) eleições, prometendo também, aos apoiantes que, entoando cânticos, pedem a detenção do líder da oposição, que “haverá justiça”. “Onde está a convocatória de eleições presidenciais se, supostamente, têm um Presidente interino? Estamos à espera! Fantoche do imperialismo americano [Guaidó], palhaço de mil-caras: convoque eleições”, desafiou Nicolás Maduro.
Os americanos e, nomeadamente, o Presidente Donald Trump, voltaram a ser o alvo preferencial no discurso de Maduro, lembrando o Presidente de facto da Venezuela que Trump “odeia a Venezuela, odeia os povos da América Latina e do Caribe”, razão pela qual, afirma Maduro, “quer construir um muro no México que nos separe”.
Já sobre a ajuda humanitária que, ao longo da tarde, a oposição garantia que já havia transposto (quer pela Colômbia, quer pelo Brasil) a fronteira venezuelana, Maduro lembrou que os Estados Unidos “gostam tanto de nós [Venezuela], que nós mandam comida podre”. “Com amigos assim, não fazem faltas inimigos”, ironizou, concluindo que “por trás da comida podre que dizem ser ajuda humanitária, o que tentam é lavar a cara da ameaça militar americana”.
Declarando os militares que entretanto desertaram, cerca de uma dezena – entre os quais um major, Hugo Parra, e um tenente, Deiviz Ramírez Sosa –, como “traidores” e “fantoches do imperialismo”, Nicolás Maduro deixaria uma certeza no seu discurso: “Estou confiante de que, uma vez mais, na Venezuela triunfará a paz, a soberania, a independência nacional, a democracia e a liberdade. Estou certo de que a cada dia que passa conseguiremos vitorias parciais e vamos conseguir uma grande vitória neste ano. Tenho a certeza, vejo-o nos vossos olhos, vejo-o no povo!”
O Presidente de facto da Venezuela anunciou ainda o corte de relações diplomáticas com a Colômbia – para Maduro, o Presidente colombiano Iván Duque é "o diabo" – e deu 24 horas aos representantes diplomáticos de Bogotá para abandonarem o país.