26 fev, 2019 - 07:30 • Lusa
A limusine blindada do líder norte-coreano, Kim Jong-un, entrou esta terça-feira em Hanói, após percorrer 170 quilómetros desde a fronteira entre Vietname e China, onde chegou de comboio depois de percorrer 4.500 quilómetros desde Pyongyang.
Kim, que partiu no sábado da Coreia do Norte, está na capital vietnamita para uma cimeira com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, considerada decisiva para a paz na Ásia.
No início da manhã, envergando um fato maoista, foi recebido com passadeira vermelha na estação de comboios de Dong Dang, na fronteira entre a China e o Vietname, por vários quadros de Hanói e tropas vietnamitas em uniformes brancos e botas pretas. O líder norte-coreano entrou depois na limusine preta da Mercedes que o levou até Hanói.
As autoridades vietnamitas cortaram o trânsito ao longo da rota de 169 quilómetros desde a fronteira até à capital do país.
Em Hanói, dezenas de jornalistas aguardam em frente ao hotel Meliã Hanoi, um dos mais emblemáticos da cidade, situado na zona antiga, e onde Kim está alojado.
Centenas de bandeiras dos três países - Estados Unidos, Coreia do Norte e Vietname -, vasos de flores e um símbolo com um aperto de mão ornamentam desde segunda-feira os candeeiros nas principais ruas de Hanói.
Esta manhã, em frente a um painel com cerca de vinte metros de comprimento e cinco de altura, onde as bandeiras dos EUA e da Coreia do Norte foram compostas por flores, vários vietnamitas aproveitavam para tirar fotografias.
Kim deve-se encontrar com os líderes vietnamitas e prestar homenagem no mausoléu de Ho Chi Minh, o monumento onde está o corpo do histórico líder comunista vietnamita.
Na quarta-feira, Kim deve deslocar-se à cidade portuária de Haiphong, onde o conglomerado vietnamita Vinfast ergueu uma fábrica de carros e scooters elétricas. Está também prevista uma visita à província de Bac Ninh, onde a gigante sul-coreana de eletrónicos Samsung tem uma fábrica.
A escolha do Vietname para acolher a cimeira Trump-Kim não surge por acaso: o exemplo vietnamita poderá inspirar Kim Jong-un a abdicar do seu programa nuclear, adotar reformas económicas e construir uma relação de amizade com Washington.
"O Vietname tem um passado de grande hostilidade e uma guerra travada contra os EUA, à semelhança da Coreia do Norte, mas passou com sucesso para uma relação muito amigável", descreve à agência Lusa Tong Zhao, especialista sobre a Coreia do Norte no centro de pesquisa de política global Carnegie-Tsinghua, com sede em Pequim.
O analista lembra como Hanói, outrora isolado no xadrez da Guerra Fria, se abriu e integrou a comunidade internacional, gozando hoje de um "enorme potencial" e uma economia "muito robusta".