13 mar, 2019 - 12:07 • Marta Grosso com agências
A poluição atmosférica provocou quase nove milhões (8,8) de mortes prematuras em todo o mundo, em 2015. É quase o dobro do que se calculava até agora. A conclusão é de um estudo publicado no “European Heart Disease” na segunda-feira.
De acordo com os investigadores do Instituto Max-Plank de Química e da Universidade Médica de Mainz (ambos na Alemanha), a poluição do ar representa um risco elevado para a saúde, conduzindo a uma alta taxa de mortalidade por motivos respiratórios e cardiovasculares.
As novas conclusões decorrem de um modelo – o Modelo Global de Exposição à Mortalidade – que fornece novas funções de taxa de risco. Este novo modelo indica que os impactos sobre a saúde atribuídos à poluição do ambiente são substancialmente mais elevados do que se supunha.
Só na Europa, ocorreram 790 mil mortes prematuras (659.000 no espaço da União Europeia) em 2015. É o dobro dos números estimados anteriormente.
Os dados revelam ainda que a poluição atmosférica matou mais pessoas do que o tabaco (que, em 2015, tirou a vida a perto de sete milhões de pessoas em todo o mundo).
Os peritos apelam, por isso, à substituição dos combustíveis fósseis por fontes de energia limpa e renovável, o que, no seu entender, poderia aumentar substancialmente a esperança de vida da população.
Mas o problema não é apenas a poluição atmosférica, são também os produtos químicos que afetam a água potável e a destruição acelerada dos ecossistemas vitais. Tudo em conjunto está a criar uma espécie de epidemia mundial e a contribuindo com efeitos negativos para a economia.
Doenças respiratórias cada vez mais fatais
As doenças têm sido assinaladas, desde há alguns anos, como das principais causas de morte no mundo.
No ano passado, a Organização Mundial de Saúde (OMS) dizia que nove em cada 10 pessoas respiravam ar poluído em todo o mundo e, todos os anos, sete milhões morriam por causas diretamente relacionadas com a poluição.
Os níveis de contaminação permanecem "perigosamente elevados" em várias regiões do globo, refere o relatório da OMS.
Em 2016, segundo a mesma organização pertencente às Nações Unidas, a poluição atmosférica causou a morte a 4,2 milhões de pessoas. No interior, a relacionadas, por exemplo, com o uso de tecnologia ou de fontes de energia poluentes na cozinha, terá causado 3,8 milhões de mortes.
A poluição apresenta níveis cinco vezes superiores ao estabelecido pela OMS e representa “o maior desafio para a saúde pública mundial” para a organização.
Os países mais pobres são os que registam uma maior percentagem de mortalidade neste âmbito.
Em Portugal, as doenças respiratórias matam duas pessoas por hora e são a terceira causa de morte. Por dia, sucumbem mais de 40 pessoas, em média, segundo um relatório de 2018 do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias.
Pneumonia é o que leva mais gente, apesar de ser uma doença curável.