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Ciclone Idai. Portugueses na Beira sentem-se "abandonados" por Lisboa

20 mar, 2019 - 18:19 • Cristina Branco , com redação

Não é difícil encontrar um português que tenha ficado sem casa. À Renascença, o empresário Vasco Maia explica que foi, juntamente com a família, acolhido por amigos depois de ver a sua casa completamente arrasada à passagem do Idai, que já provocou mais de 200 mortos só em Moçambique.

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Sete dias depois da passagem do ciclone Idai por Moçambique, Zimbabué e Malawi, os portugueses que vivem em Moçambique falam numa situação dramática, em particular na Beira, e criticam a falta de apoio das autoridades portuguesas.

Não é difícil encontrar um português que tenha ficado sem casa. À Renascença, o empresário Vasco Maia explica que foi, juntamente com a família, acolhido por amigos depois de ver a sua casa completamente arrasada à passagem do Idai, que já provocou mais de 200 mortos só em Moçambique.

“Entrou água, partiu vidros, partiu tudo. Estragou o mobiliário todo, estragou o chão, as caixilharias. A casa ficou destruída, nem podemos estar lá a habitar. Estamos em casa de uns amigos. Nem daqui por meio ano, a casa vai ter que ser toda reconstruída.”

Vasco Maia deixa críticas à representação diplomática portuguesa e confessa que se sentiu abandonado em Moçambique.

“Tentei ligar para a embaixada e para todos e não havia informações de nada. Era como se estivéssemos abandonados. Não se compreende uma embaixada ou um consulado não terem um telefone de emergência a funcionar 24 horas”, lamenta.

A mesma queixa de falta de apoio das autoridades portuguesas é repetida entre a comunidade lusa na Beira. Abandonados, é como se sentem os portugueses, diz Luís Leonor, outro empresário atingido pelo ciclone Idai.

“Neste momento, a comunidade portuguesa na Beira, que são cerca de 2500 residentes, está mais ou menos abandonado e entregue a si própria, porque as autoridades portuguesas não se fazem ouvir, não aparecem, não dizem nada.”

A normalidade está longe de regressar à Beira. Ainda não há eletricidade, os bens alimentares começam a escassear e já existe uma escalada dos preços, relata Luís Leonor.

“O maior hipermercado está completamente destruído. Água potável, engarrafada, já é uma coisa difícil de encontrar. Não sabemos como vai ser. Estamos a fazer stock como podemos. Os geradores, que são um bem escasso agora, estão inflacionados e os bens alimentares também.”

Um breve retrato do que se vive na cidade da Beira. Apenas as telecomunicações começam a ser restabelecidas, o que permitiu este contacto telefónico com portugueses na segunda maior cidade de Moçambique.

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