21 mar, 2019 - 19:26 • Cristina Branco
A detenção, nesta quinta-feira, de Michel Temer, ex-presidente do Brasil, "é mais uma prova de que o processo Lava-Jato não surgiu para destituir Lula da Silva". É a opinião de Francico José Viegas, especialista em política brasileira que, em declarações à Renascença, lembra o facto de as detenções serem transversais a vários partidos.
"O que cai por terra é o argumento de que a operação Lava-Jato, como outras operações desde o Mensalão, foram organizadas e estabelecidas para castigar Lula da Silva, para o impedir de concorrer às eleições. E já tinha caído, quando o director financeiro do próprio PSDB em São Paulo tinha sido preso. O putativo candidato às presidenciais, Aécio Neves, foi também afastado", lembra o português.
Francisco José Viegas sublinha o mérito da operação Lava-Jato: "esta operação tem um mérito e, ao mesmo tempo uma infelicidade: é que decapitou e vai decapitar todas as direcções políticas dos grandes partidos partidos brasileiros como o PT, o MDB, o PSDB e outros".
Viegas lembra que "há uma grande teia de corrupção que envolve todos estes partidos e que tem a ver, quer com financiamento das campanhas, quer com a existência de uma caixa dois, quer, também, com o aproveitamento dos líderes desses fundos que circulam nessa rede terrível que é a corrupção nas esferas políticas do Brasil".
Para este especialista em questões políticas brasileiras, se há duas instituições que funcionam no Brasil - e que servem de exemplo - são a Justiça e a Imprensa, que têm sido "pilares do Brasil de hoje".
"São duas instituições que têm funcionado no Brasil, desde o ano 2000, quando estes processos começaram a aparecer. Foi graças à imprensa que o caso Mensalão pôde ser conhecido, é graças à Justiça que os políticos brasileiros estão, finalmente, debaixo de olho", conclui Francisco José Viegas.