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Crónica

A sustentabilidade da vida em Moçambique

24 mar, 2019 - 16:23 • Pedro Mesquita

Na Beira, “toda a gente quer reconstruir a sua vida, encontrar algum sustento, água potável e comida”. A conversa do funcionário de uma ONG com a Renascença.

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Esta semana conheci Luís Chindui. Falei com ele apenas por uns minutos, por telefone, mas foi o suficiente para saber que é, ele próprio, a Beira. E está ferido.

Chindui é moçambicano e é funcionário da OIKOS, uma ONG portuguesa que, a esta hora, ensaia a ajuda humanitária junto dos que perderam tudo na torrente ciclónica.

Liguei a Chindui para me falar da ação da OIKOS, mas logo percebi que era dele que íamos falar. Dele e da sua família. Bastou esta pergunta: “O que vê à sua volta?”

Na resposta, Chindui concentrou-se nas pessoas: "Olhando para a cara das pessoas vê-se, claramente, muita indignação, muita tristeza e muita preocupação. Toda a gente quer reconstruir a sua vida, encontrar algum sustento, água potável, comida. Está toda a gente a tentar fazer alguma coisa para erguer, não só o aspeto físico da cidade da Beira como a própria sustentabilidade da vida".

Luís Chindui não vive na Beira, mas é na Beira que está toda a sua família, incluindo as filhas. E nunca tinha visto cenário igual: "Este ciclone causou um dano que eu nunca tinha visto. Não vivo cá. Vivo em Nampula, onde sou funcionário da OIKOS, mas sou natural da Beira e tenho aqui toda a minha família... as minhas filhas, irmãs, os meus tios. Todos eles perderam as suas casas. As casas foram embora, os bens foram embora e, neste momento, estão a viver em tendas. Alguns juntaram uns blocos e colocaram chapa por cima, para se poderem abrigar".

Luís Chindui é, ele próprio, a Beira. E está ferido.

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