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Londres

Acordo para o Brexit só volta ao Parlamento com garantias de aprovação

25 mar, 2019 - 13:03 • Redação com Lusa e outras agências

Depois de rumores sobre uma eventual demissão, primeira-ministra britânica reuniu-se esta manhã com o executivo e fala aos deputados à tarde.

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Os jornais britânicos garantiam, nesta segunda-feira, que o acordo de saída negociado com Bruxelas voltaria ao Parlamento britânico na terça-feira para nova votação. Contudo, o porta-voz do Governo já veio dizer que tal só acontecerá com garantia de aprovação.

As notícias surgiram depois de Theresa May, a primeira-ministra britânica, se ter reunido com o seu executivo, de manhã.

“Só voltaremos a votar o acordo se acreditarmos que poderemos ganhar”, garantiu aos jornalistas o porta-voz do nº. 10 de Downing Street.

Em teoria, May precisa de mais 75 deputados do seu lado, tendo em conta que a 12 de março o acordo foi chumbado por uma diferença de 149 votos, mas não é certo que todos os deputados mantenham o voto de há duas semanas.

O Governo necessita que o documento seja aprovado no Parlamento para poder ratificar o acordo e também para garantir um adiamento mais prolongado da data de saída até 22 de maio, proposto pelo Conselho Europeu.

Esta segunda-feira à tarde, a primeira-ministra britânica deverá falar, pelas 15h30, na Câmara dos Comuns. Theresa May deverá atualizar os deputados sobre o resultado do Conselho Europeu da semana passada, em Bruxelas.

Mas antes do discurso no Parlamento, a chefe do Governo deverá encontrar-se com o líder do partido Trabalhista (Labour), Jeremy Corbyn, que na semana passada recusou participar numa reunião com os restantes partidos da oposição, devido à presença do independente e dissidente trabalhista Chuka Umunna.

Mais tarde, depois de Theresa May discursar, os deputados britânicos vão votar (pelas 22h00) os próximos passos sobre o processo do Brexit, na sequência do chumbo no parlamento a 12 de março, pela segunda vez, do acordo de saída negociado com Bruxelas.

Um grupo de deputados representantes de diferentes partidos, incluindo o Conservador e o Trabalhista, apresentaram uma proposta para o Parlamento realizar uma série dos chamados "votos indicativos" para perceber se uma maioria dos deputados consegue concordar em alguma das diferentes opções para concretizar o Brexit.

Movimentações de bastidores

No domingo à tarde, Theresa May convidou colegas do partido Conservador pró-Brexit e opositores do acordo a conversar "sobre uma série de questões, incluindo se há apoio suficiente na Câmara dos Comuns para realizar de novo um “voto significativo” (“meaningful vote” em inglês) esta semana".

Presente no encontro estava um grupo de eurocéticos, incluindo Boris Johnson, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros que se demitiu em divergência com o plano do Governo, bem como os antigos ministros para o Brexit, David Davis e Dominic Raab, Jacob Rees Mogg, Steve Baker e Iain Duncan Smith.

Embora não tenham sido anunciados resultados, Boris Johnson mostrou-se insatisfeito com May, alegando, numa coluna de opinião publicada esta segunda-feira no “Daily Telegraph”, que a primeira-ministra adiou a saída prevista para sexta-feira porque "se acovardou" e sugerindo que a demissão pode ser uma solução.

"Se ela realmente quer que o seu acordo passe no Parlamento, ainda pode apresentar provas convincentes de como a próxima fase das negociações – quando todas as questões-chave vão ser resolvidas – será diferente da primeira", escreveu, questionando se será possível "continuar com uma equipa de negociação que fracassou tão profundamente".

Do lado de May, no encontro de domingo, estava o líder da bancada parlamentar Brandon Lewis, o ministro para o Brexit, Steve Barclay, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, o ministro do Ambiente, Michael Gove, e o ministro do Gabinete, David Lidington.

Estes dois últimos foram nomeados pela imprensa britânica como potenciais sucessores à frente do Governo, devido à pressão de vários elementos do executivo para que Theresa May se demitisse. Mas ambos negaram envolvimento em quaisquer planos.

Esta segunda-feira, o tabloide “The Sun” juntou a voz ao “The Times”, que no sábado escreveu em editorial que May "deve demitir-se para permitir que um primeiro-ministro interino navegue o país para águas mais seguras" se não conseguir aprovar o acordo.

O “The Sun”, até agora defensor da estratégia da primeira-ministra, defende que "May deve anunciar hoje que deixará o cargo assim que o seu acordo para o Brexit for aprovado e o Reino Unido estiver fora da UE".

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