05 abr, 2019 - 13:34 • Ana Rodrigues com redação
Um alto especialista militar da NATO diz que o envio de ajuda militar para Moçambique, no âmbito da ajuda ao país depois da passagem do ciclone Idai, pode ser mais prejudicial do que benéfico.
Em entrevista à Renascença esta sexta-feira, o brigadeiro-general Ton Strik, consultor da NATO para questões de segurança e estratégia, disse que avançar com essa ajuda sem um pedido expresso das autoridades moçambicanas pode causar mais danos do que benefícios.
Strik aconselha os países que querem enviar militares para o terreno a saber esperar pelo pedido. "Se não o fizerem", ressalta, "podem não só assustá-los como estarão também a bloqueá-los, a perturbar os seus planos”.
O especialista, que participou no apoio da NATO aquando dos sismos no Paquistão e na Indonésia, refere que “a estrutura militar é muito pesada e está virada para a Defesa", pelo que "em situações de calamidade só deve atuar em colaboração com organizações locais”.
Ainda segundo o consultor militar, é preciso “confiar que o Governo e a organização de gestão de calamidades [moçambicanos] estão treinados, que estão a tentar fazer o melhor que podem”.
“Se [forças externas] correrem para o meio deles sem terem sido chamadas, com equipamento de que não precisam, estarão a bloquear as suas opções e não estarão a ajudar mas sim a causar frustração”, refere o brigadeiro-general.
Ton Strik está em Portugal a convite da ONG Soroptimists, para participar numa conferência sobre alterações climáticas, que decorre este sábado em Lisboa.