09 abr, 2019 - 06:33 • Tiago Palma com Teresa Lopes (vídeo)
Os israelitas vão esta terça-feira às urnas para eleger um novo Parlamento. Apesar de haver dezenas (e de diversos espectros políticos) de partidos, a corrida eleitoral parece ser, desde há muito, entre dois nomes: o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu (que procura reconduzir-se num quinto mandato, superando David Ben Gurion em “longevidade” e tornando-se no líder que mais tempo ficou no cargo) e Benny Gantz, que lidera a coligação centrista Azul e Branco.
Olhando às intenções de voto, o partido nacionalista conservador Likud de “Bibi” (como é conhecido Netanyahu) parece, nesta reta final, levar uma pequena vantagem de somente três (em 120) deputados: 30 lugares para o Likud, 27 para a coligação liderada por antigos generais como Gantz o é – mas ambos longe dos 61 deputados necessários para conseguir uma maioria absoluta.
Assim sendo, o centro-direita pode chegar aos 65/67 assentos, contra 53/55 do centro-esquerda, o que dividiria o Knesset (Parlamento israelita), pelo que a nomeação do próximo primeiro-ministro dependerá sempre de uma futura coligação.
Benny Gantz já recusou publicamente coligar-se com Benjamin Netanyahu, seja qual for o resultado.
Então, Netanyahu terá que recorrer aos pequenos partidos à direita do Likud. Durante a campanha, aliás, Netanyahu tem já mantido uma espécie de “bromance” com a direita parlamentar. Ainda na última semana, além de apontar Gantz como sendo “de esquerda” – o último grande líder à esquerda em Israel (Shimon Peres ou Ehud Barak eram mais centristras moderados) foi Yitzhak Rabin e Rabin acabaria assassinado por um israelita de extrema-direita (Yigal Amir) que pretendia, dessa forma, assassinado-o, impedir a entrega de partes dos territórios ocupados à Organização para Libertação da Palestina –, lembrando que “a direita está em perigo”.
Mais: prometeu prometeu anexar partes da Cisjordânia ocupada se for reeleito nas legislativas na terça-feira.
Não tardaria a reação do opositor, tendo o general Benny Gantz refutado a ideia de que a direita estivesse em perigo – “Netanyahu é que está!”, devolveu –, considerando a promessa de ocupação um “truque eleitoral”.
Truque ou nem tanto assim, eleitoral foi também o discurso de Benny Gantz, quando o general prometeu “acabar com a corrupção” no país, numa alusão bastante direta ao facto do primeiro-ministro ter sido indiciado por corrupção, fraude e abuso de poder – incluindo uma acusação formal por parte do procurador-geral israelita, Avichai Mandelblit.
O primeiro-ministro é suspeito, entre outros crimes, de aceitar presentes de empresários em troca de favores políticos, bem como de ter favorecido um grupo de telecomunicações detentor de um site que lhe terá dado cobertura noticiosa positiva ou, por oposição, de ter prejudicado a concorrência de um jornal que lhe deu cobertura noticiosa favorável.