18 abr, 2019 - 13:32 • Redação
William Barr, o procurador-geral dos EUA (cargo correspondente ao de ministro da Justiça na administração norte-americana), divulgou esta quinta-feira uma versão censurada do relatório compilado por Robert Mueller, procurador especial nomeado pelo Departamento de Justiça para investigar suspeitas de interferência da Rússia nas presidenciais de 2016 que deram a vitória a Donald Trump.
O documento chegou ao Senado e à Câmara dos Representantes por volta das 11h da manhã (16h00 em Lisboa), altura em que passou a estar em domínio público (pode consultá-lo aqui).
Antes disso, ao começo da manhã, Barr falou sobre o relatório numa breve (duraria pouco mais de 20 minutos) conferência de imprensa no Congresso. Nela, o responsável da Justiça reforçou o que já havia dito quando, dois dias após o ter recebido, publicou um resumo de quatro páginas em que destacava a principal conclusão de Muller.
No essencial, Barr repetiu que nem Donald Trump nem associados do agora Presidente conspiraram com a Rússia de Vladimir Putin para vencer as presidenciais de 2016 contra a candidata democrata Hillary Clinton.
Por quarto vezes, o procurador-geral garantiu que não houve qualquer tipo de conluio entre Trump e o Kremlin. No entanto, e apesar de ilibar o atual Presidente, Barr explicou que no relatório “se confirma que o Governo russo patrocinou esforços” para influenciar as presidenciais dos EUA, sem que, reforçaria, “a campanha de Trump ou outros norte-americanos tenham contribuído para esses esforços”.
Por outro lado, Barr explicou que no relatório de Mueller se encontram “dez episódios envolvendo o Presidente" onde são discutidas "possíveis teorias jurídicas para conectar essas ações a elementos de uma ofensa de obstrução à justiça”. O ministro diz que “discorda” dessas teorias.
No relatório, segundo os media norte-americanos, o procurador especial refere que, "se estivéssemos confiantes, depois desta investigação aprofundada dos factos, de que o Presidente claramente não cometeu obstrução à Justiça, teríamos dito isso mesmo".
Refere Barr que, embora Trump se tenha mostrado “frustrado e irritado” – pois entendia que Muller estaria a “impedir a sua presidência”, lembra o procurador-geral –, a Casa Branca “cooperou totalmente” com a investigação, pelo que diz ter concluído que “não há provas suficientes para estabelecer que o Presidente [Trump] obstruiu a Justiça”.
400 páginas em domínio público
No início da semana, o Departamento de Justiça anunciou que ia finalmente tornar disponível o relatório de 400 páginas, mais longo que clássicos da literatura como "Mataram a Cotovia", de Harper Lee.
Uma versão censurada poderá agora ser consultada por qualquer legislador ou cidadão, sendo que "ficará à disposição de um número limitado de congressistas uma cópia do relatório sem estar editado", referiu em comunicado.
O documento foi elaborado no contexto do processo contra Roger Stone, ex-assessor do atual Presidente dos Estados Unidos, na sequência de 22 meses de investigação.
De acordo com o que foi divulgado até ao momento pelo Departamento de Justiça, Mueller não terá chegado a uma conclusão sobre alegadas ações de Trump no sentido de obstruir a Justiça nas supostas tentativas de anular a investigação.
Há várias semanas que o Partido Democrata pede a Barr que publique o relatório na íntegra, sem qualquer tipo de censura.
A investigação de Muller começou em maio de 2017 e culminou em processos judiciais contra 34 pessoas, incluindo seis ex-assessores de Trump: Paul Manafort, Rick Gates, George Papadopoulos, Michael Cohen, Michael Flynn e Roger Stone, além de 26 cidadãos russos.
[Notícia atualizada às 16h00]