30 abr, 2019 - 16:28 • Pedro Mesquita
D. Baltazar Porras, cardeal-arcebispo de Mérida, descreve uma situação muito confusa por falta de informação clara, mas garante que o país não vive um cenário de guerra.
O também administrador apostólico de Caracas apela – tanto a Maduro quanto a Guaidó – a que a solução seja rápida, pacifica e garantida dentro do país, sem recurso a uma intervenção externa.
Que informações dispõe nesta altura sobre o que se está a passar? Maduro fala de uma tentativa de golpe de Estado conduzida por Guaidó, juntamente com um numero reduzido de militares. De que informações dispõe neste momento?
A situação está muito confusa. Não existe uma informação clara daquilo que se está a passar no país e aqui na cidade. Há muita gente que se está a mobilizar – e não apenas na capital, mas em muitos outros sítios. Mas, pelo que sei, não há uma guerra no país. Mas a situação é, neste momento, muito confusa.
Há noticias de que já houve disparos e que Guaidó tem a seu lado militares. Confirma essas informações?
Como digo a situação é confusa e qualquer apreciação rigorosa terá que esperar pelos acontecimentos.
Acredita que este será o momento decisivo?
Claro que há muito tempo vivemos uma situação muito confusa no país. Houve uma deterioração da convivência, deterioração da vida e faltam as coisas mais elementares. O melhor desejo que podemos ter é que isto se possa superar com paz e tranquilidade.
Mas crê que será possível uma transição pacifica neste momento, com Maduro a falar numa tentativa de golpe de Estado?
Eu creio que neste momento é normal que cada sector diga coisas a seu favor, mas há indubitavelmente que esperar. Não devemos precipitar-nos.
Que conselho daria, neste momento, a Nicolas Maduro? Que abandone o poder?
É isso que tem sido reclamado por muitos sectores. Internamente perdeu credibilidade, confiança e legitimidade. E foi isso que conduziu à situação que estamos a viver agora.
E a Guaidó, o que gostaria de dizer?
Que ele é neste momento, e tem sido, a esperança do povo de poder encontrar uma solução o mais pacifica que seja possível para o bem-estar de todos, incluindo os seguidores do regime actual.
Seja como for, este será, tudo indica, um momento decisivo. Das duas uma: ou Guaidó vence e derruba o regime; ou falha e não ficará em boa situação. Nesse caso, até poderá surgir uma intervenção externa. O que acha que pode vir a acontecer?
Uma solução o mais rápida possível seria o melhor. E que seja pacifica e que seja garantida dentro do país e pelas forças que aqui estão.