13 mai, 2019 - 10:43 • Marta Grosso com agências
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A justiça sueca reabriu a investigação ao co-fundador do Wikileaks, Julian Assange, sobre uma acusação de violação. O inquérito foi retomado a pedido do advogado da alegada vítima.
A notícia foi avançada esta segunda-feira pela procuradora Eva-Marie Persson que, em conferência de imprensa, lembrou que a investigação preliminar foi abandonada em 2017 sem quaisquer acusações, enquanto Assange estava refugiado na embaixada do Equador em Londres.
Mas, no mês passado e passados sete anos de refúgio na embaixada, o ativista australiano de 47 anos foi expulso e condenado a 50 semanas de prisão por violar suas condições de fiança. Está hoje preso na prisão de Belmarsh, na capital britânica.
Agora, a procuradora sueca veio anunciar irá solicitar a emissão de um mandado de prisão europeu – o processo sob o qual seria solicitada a sua extradição.
A Suécia não é o único país a querer a extradição de Julian Assange. Também os Estados Unidos pretendem levar o australiano à justiça, para que seja julgado por acusações relacionadas ao lançamento público pelo Wikileaks de um enorme acervo de documentos secretos.
"Estou bem ciente do facto de que um processo de extradição está em curso no Reino Unido e que ele poderia ser extraditado para os EUA", admitiu a procuradora Eva-Marie Persson.
Os tribunais britânicos terão de decidir sobre qualquer pedido de extradição e o ministro sueco do Interior, Sajid Javid, decidirá qual deles tem precedência, uma vez que os promotores suecos arquivaram os seus.
"No caso de um conflito entre um mandado de detenção europeu e um pedido de extradição dos EUA, as autoridades do Reino Unido decidirão sobre a ordem de prioridade", afirmou à agência Reuters Nick Vamos, advogado e ex-chefe de extradição do Crown Prosecution Service da Grã-Bretanha.
Assange não quer ser extraditado, mas vai colaborar
Julian Assange nega as acusações de violação que lhe são dirigidas e diz-se disponível para colaborar com a justiça sueca. Teme, contudo, ser extraditado para os Estados Unidos, anunciou esta segunda-feira o advogado do ativista australiano.
“Estou surpreendido. É embaraçoso para a Suécia reabrir a investigação”, afirmou Per E Samuelson à televisão sueca.
Assange “sempre quis ajudar a Suécia nesta questão. O pior agora é que se arrisca a ser extraditado para os Estados Unidos por causa de seu trabalho jornalístico”, acrescentou.
O próprio Wikileaks já veio comentar a reabertura do caso, considerando que tal decisão representa “uma oportunidade para Assange limpar o seu nome”.
“Desde que foi detido, em 11 de abril de 2019, tem havido bastante pressão política sobre a Suécia para reabrir a investigação, mas também sempre pressões políticas em redor deste caso”, lembra o editor chefe do WikiLeaks em comunicado.