24 mai, 2019 - 09:26 • Marília Freitas com Lusa
A primeira-ministra britânica, Theresa May, desgastada pela questão do ‘Brexit’, anunciou a data da sua demissão. "Vou deixar de ser a líder do partido na sexta-feira, 7 de junho", disse May esta manhã, aos jornalistas.
May diz que, durante os últimos três anos, acreditou que "o melhor seria perseverar, mesmo contra todas as probabilidades" na tentativa de chegar a acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia, cumprindo assim a vontade expressa pelos britânicos no referendo de 2016.
"Infelizmente não consegui. Tentei três vezes", admite a ainda primeira-ministra britânica. "Numa democracia, se dás oportunidade de escolha ao povo, tens que cumprir o que o povo decidir", afirma, reconhecendo que a única coisa que lamenta é não ter conseguido terminar o processo do 'Brexit'.
"Acho que é do melhor interesse do país que um novo primeiro-ministro lidere esse processo", continuou.
A declaração aos jornalistas terminou com Theresa May emocionada, em lágrimas, a garantir que foi "a segunda mulher primeira-ministra, mas certamente não terá sido a última". "Foi a maior honra da minha vida", sentenciou.
Enquanto primeira-ministra, não pode renunciar até que esta em posição de dizer à rainha Isabel II quem é que a monarca deve nomear como sucessor. O processo de escolha do novo líder do partido conservador deve ser iniciado na próxima semana.
A primeira-ministra britânica vai permanecer no cargo, enquanto os conservadores escolhem o seu sucessor, e, assim, ainda estará em funções durante a visita do Presidente dos EUA, Donald Trump, ao Reino Unido, que acontece entre 3 e 5 de junho.
O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Boris Johnson está entre os favoritos para a substituir.
Theresa May, de 62 anos, assumiu o cargo em julho de 2016, pouco depois de os britânicos terem votado a favor do ‘Brexit’ (52%) no referendo de 23 de junho de 2016.
Até agora, a líder não conseguiu reunir consenso quanto às condições para a saída da União Europeia entre a classe política, profundamente dividida sobre a questão, como também está a sociedade britânica.
O acordo de saída negociado com Bruxelas foi rejeitado três vezes pelos parlamentares, o que obrigou o executivo a adiar o ‘Brexit’ até 31 de outubro, quando a data inicial era 29 de março, e realizar ainda as eleições para o Parlamento Europeu.
Na terça-feira, Theresa May apresentou um plano de "última oportunidade", que incluiu uma série de compromissos para tentar convencer os parlamentares britânicos.
A tentativa foi em vão, já que o texto foi alvo de uma enxurrada de críticas tanto da oposição trabalhista quanto dos eurocéticos de seu próprio partido, levando à renúncia na noite de quarta-feira do ministro encarregado das relações com o Parlamento, Andrea Leadsom.
O projeto de lei, que Theresa May contava votar na semana de 3 de junho, não aparece no programa legislativo anunciado na quinta-feira pelo Governo aos deputados.