29 mai, 2019 - 22:54 • Tiago Palma
O tempo escasseava e o desfecho tornava-se, a cada hora, mais previsível. Pese embora o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, reeleito no passado dia 9 de abril, tenha prometido "tudo fazer” para que o país não voltasse já às urnas – seria a primeira vez na história israelita que se realizariam eleições antecipadas num intervalo tão curto de tempo devido à falta de consenso para governar –, a verdade é que o Presidente israelita, Reuven Rivlin, avisou-o de que se não houvesse acordo até o dia terminar, iniciaria logo na manhã de quinta-feira consultas aos partidos e encarregaria outro líder da tarefa de formar o executivo.
Não foi preciso. Enquanto Netanyahu tentava convencer outros partidos (oferecendo-lhes, por exemplo, pastas ministeriais importantes, mas sem aparente sucesso negocial) a apoiarem o seu partido, o Likud, no Knesset (parlamento) os deputados votaram a dissolução do parlamento e a convocação legislativas antecipadas. Com 74 votos a favor e 45 contra, o parlamento caiu e os israelitas deverão agora estar de volta às urnas já no dia 17 de setembro.
Ao contrário do que era de esperar, Benjamin Netanyahu falhou na formação de um Governo. Porquê? Porque um dos principais aliados (e seu antigo ministro da Defesa) que "Bibi" tem, o ultranacionalista Avigdor Lieberman, líder do partido de extrema-direita Yisrael Beitenu, pretendia, em troca do apoio, que o serviço militar obrigatório passasse a ser igual para todos, ou seja, que acabasse a isenção concedida a estudantes seminaristas judeus ultraortodoxos.
O problema é que se cedesse à pretensão de Lieberman, perderia o apoio, logo à partida, de Yaakov Litzman, líder do Judaísmo Unido da Torah, um partido ultraortodoxo, que se mostrou terminantemente contra o fim da isenção militar dos seminaristas. Netanyahu encruzilhada parlamentar aparentemente inultrapassável: se cedesse aos ultranacionalista quanto a esta pequena-grande mudança no serviço militar, perderia os ultraortodoxos; se cedesse aos ultraortodoxos, perderia os ultranacionalistas. Perdeu ambos.
Agora, caído o parlamento, não cai Netanyahu da política. O primeiro-ministro israelita, de 69 anos, pretende mesmo reconduzir-se num quinto mandato (superando David Ben Gurion em “longevidade” e tornando-se no líder que mais tempo ficou no cargo) e veio já a terreiro dizer que será novamente candidato em setembro. "Volto a candidatar-me. Vou fazer uma campanha inteligente e clara, que nos trará a vitória. Vamos ganhar e os cidadãos ficarão igualmente a ganhar", garantiu.