04 jun, 2019 - 01:24 • Redação, com Lusa
Pelo menos 35 pessoas morreram quando as forças de segurança do Sudão atacaram um acampamento de manifestantes, na capital Cartum, avançam fontes médicas citadas pela agência Reuters.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, já condenou o uso excessivo da força pelas autoridades sudanesas e pediu uma investigação independente.
"O que está claro para nós é que houve uso excessivo da força pelas forças de segurança contra os civis. Pessoas morreram e pessoas ficaram feridas", disse o porta-voz do líder das Nações Unidas, Stéphane Dujarric.
António Guterres apelou às autoridades sudanesas para facilitarem a realização de uma investigação independente e para garantirem que os responsáveis sejam responsabilizados pelos seus atos.
Os Estados Unidos também condenaram a "repressão brutal" dos militares sudaneses contra os manifestantes e alertaram que as relações com Washington estão dependentes dos progressos no sentido de se formar um governo civil.
"Foi um ataque brutal e coordenado, que lembra alguns dos piores crimes do regime de Omar al-Bashir [ex-Presidente do país]", referiu Tibor Nagy, secretário de Estado Adjunto encarregado de África.
Tibor Nagy salientou que o povo sudanês merece "um governo civil que trabalhe para as pessoas, não um conselho militar que trabalhe contra eles".
"Apoiamos os manifestantes pacíficos no Sudão, e o caminho para a estabilidade e parceria com os Estados Unidos será através de um Governo civil", disse.
Pelo menos 35 pessoas morreram e 200 ficaram feridas durante a operação militar desencadeada esta segunda-feira pelas forças de segurança do Sudão contra manifestantes que estavam acampados na capital do país, Cartum, anunciaram testemunhas e líderes dos protestos.
Este balanço, citado pela Associated Press, resulta de uma operação em que os militares sudaneses abriram fogo sobre os manifestantes e queimaram as tendas que estavam montadas junto do quartel-general das Forças Armadas do Sudão, desde o início de abril.
O movimento de contestação, liderando pela Aliança para a Liberdade e Mudança, anunciou o corte nos contactos políticos com o conselho militar, no poder desde o afastamento do ex-Presidente Omar al-Bashir.
Os manifestantes estavam acampados em frente à sede das Forças Armadas desde o início de abril, primeiro para pedir a saída de Omar al-Bashir do poder e, depois da sua saída, para exigir que os generais entreguem o poder a um governo civil.
O Conselho Militar desmentiu ter dispersado "através da força" a manifestação pacífica.