05 jun, 2019 - 01:14 • Isabel Pacheco , com redação
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A solidariedade começa a ser criminalizada um pouco por todo o mundo. O alerta é do diretor executivo da Amnistia Internacional (AI) em Portugal, Pedro Neto, com base no mais recente relatório da organização.
O documento dá conta de perseguições e agressões a quem oferece ajuda humanitária a migrantes e refugiados na chamada “Selva” de Calais, no norte de França.
As pessoas que tentam ajudar os migrantes e refugiados são “perseguidas, intimidades e até violentamente atacadas” pelas forças de segurança francesas, “numa tentativa deliberada para restringir ações de solidariedade”, denuncia o relatório da Amnistia Internacional.
Um cenário "demasiado frequente", lamenta Pedro Neto à Renascença, que apela à defesa dos direitos humanos e da solidariedade por parte dos governos.
De acordo com a Amnistia Internacional, apesar da chamada "Selva" de Calais ter sido desmantelada, ainda existem mais de 1.200 crianças, mulheres e homens sem acesso regular a comida, água e abrigo na zona de Calais.
“Eu fugi do meu país para encontrar segurança, mas aqui enfrentou abusos da polícia. A polícia vem cá todos os dias para levar a minha tenda e a minha roupa”, conta um iraniano citado pelo relatório da AI.
Um afegão diz ter sido agredido à bastonada durante uma evacuação forçada do campo improvisado.
O número de acampamentos e barracas destruídas em Calais e Grande-Synthe aumentou em 2018 e, nos primeiros cinco meses deste ano, já foram realizados 391 despejos.
A Amnistia alerta que, quando são os expulsos, os migrantes e refugiados ficam mais vulneráveis a abusos e a violência.
“Embora as autoridades tenham implementado um serviço de assistência para permitir que refugiados e migrantes tenham acesso a centros de receção e gabinetes de asilo em França, esses centros estão longe de Calais e Grande-Synthe e, às vezes, não há capacidade suficiente para acomodá-los”, refere a organização humanitária.
Segundo este relatório, os ativistas de defesa dos direitos humanos que tentam ajudar os migrantes sentem uma pressão cada vez maior, com impacto negativo em todos os aspetos da sua vida. Insónias, stress e ansiedade.