27 jun, 2019 - 12:38 • Agência Lusa
Um incêndio descontrolado numa zona rural do Nordeste de Espanha já destruiu mais de 4.000 hectares de vegetação e ameaça devorar 20.000 hectares de vinhas e oliveiras, disse esta quinta-feira o ministro regional do Interior de Espanha, Miguel Bunch.
O fogo, que deflagrou em plena onda de calor na Europa, começou na quarta-feira perto da cidade de Torre del Español, na Catalunha, e tem estado a ser combatido por centenas de bombeiros, além de meios aéreos, mas sem que se consiga controlar qualquer frente.
"As dificuldades são de tal ordem que não podemos falar nem de uma fase de controlo nem de extinção. Pelo contrário, estamos numa fase de pleno progresso do fogo", explicou o ministro a uma rádio local.
Hoje de manhã estavam 350 bombeiros no local e sete meios aéreos a combater o incêndio, que já foi classificado como de "risco extremo" até porque ameaça destruir por completo 20.000 hectares da região, cobertos de pomares, oliveiras e vinha, de acordo com um comunicado do governo regional da Catalunha.
A propagação do incêndio tem sido acelerada por ventos fortes e pela contínua subida da temperatura, já acima dos 40º, e já implicou a retirada de 30 pessoas das suas casas
Este incêndio é uma das consequências da onda de calor irregular que está a afetar a Europa e que já está a provocar, além de incêndios, fecho de escolas, aumento da poluição e algumas mortes por choque térmico.
Este último caso aconteceu em Milão, na Itália, quando um sem abrigo de 72 anos foi encontrado morto, na manhã de hoje, perto da gare central, vítima do calor, segundo as autoridades.
Também na França a morte de três pessoas nas praias da costa sul foi associada ao choque térmico.
Na quarta-feira, a Alemanha, a Polónia e a República Checa atingiram a temperatura mais alta já registada nestes países em junho, mas, segundo os meteorologistas, o calor ainda vai aumentar nos próximos três dias.
A onda de calor está também a afetar os animais e os jardins zoológicos europeus já proibiram o transporte de animais nos próximos dias.
Por outro lado, as temperaturas altas também estão a aumentar os níveis de poluição, nomeadamente de ozono na atmosfera, o que levou algumas cidades, nomeadamente de França, a adotarem regras para a circulação automóvel dos próximos dias, proibindo os veículos mais poluentes de andar na rua.
Também em França, onde as temperaturas já atingiram 45º, várias escolas foram encerradas para poupar as crianças ao calor e os exames foram adiados para a próxima semana.
Neste país, que em 2003 registou uma onda de calor que provocou a morte de 15 mil pessoas, um grupo hoteleiro decidiu abrir os espaços climatizados dos seus hotéis para receber as pessoas mais idosas ou "em situação frágil".
A vaga de calor tem origem no deserto do Saara e está associada ao aquecimento global e a gases com efeito de estufa, referem os cientistas, acrescentando que o fenómeno climático ainda é excecional, mas que vai repetir-se cada vez com maior frequência.