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PPE não está disposto a abdicar da presidência da Comissão, avisa Irlanda

30 jun, 2019 - 20:36

Reunião da UE está a decorrer para a escolha dos novos nomes para liderar as instituições europeias.

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O Partido Popular Europeu (PPE) não está preparado para abdicar da presidência da Comissão Europeia, confirmou o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, revelando que "uma grande oposição" dos líderes daquela família política ao acordo negociado em Osaka.

“Enquanto PPE, não concordámos com o 'pacote' que foi negociado em Osaka. Penso que é correto dizer que há uma grande oposição a essa proposta do ponto de vista do PPE. A grande maioria dos primeiros-ministros da nossa família não acredita que devamos abdicar da presidência da Comissão tão facilmente, sem luta", declarou Leo Varadkar.

O primeiro-ministro irlandês foi o mais taxativo dos líderes conservadores à chegada para a reunião extraordinária dos chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE), demonstrando-se contrário à proposta desenhada nos últimos dias por Alemanha, França, Espanha e Holanda na cidade japonesa de Osaka, onde a chanceler alemã, Angela Merkel, o Presidente francês, Emmanuel Macron, o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, e o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, participaram na cimeira do G20.

Perante o impasse nas negociações entre as três grandes políticas famílias europeias -- Partido Popular Europeu (PPE), Socialistas Europeus e Liberais --, Merkel terá deixado cair o 'seu' candidato, o conservador alemão Manfred Weber, aceitando apoiar o holandês Frans Timmermans, o candidato principal dos socialistas, para salvar o modelo dos 'Spitzenkandidaten', inaugurado em 2014, com a nomeação de Jean-Claude Juncker.

Varadkar vincou ainda que muitos países da Europa Central e de Leste são "realmente contra" a nomeação de Frans Timmermans, por considerarem que "as divisões entre Ocidente e Leste" seriam aprofundadas pelo atual primeiro vice-presidente do executivo comunitário e o "rosto" de Bruxelas nos "braços de ferro" com Polónia e Hungria devido às alegadas violações ao Estado de direito nestes dois Estados-membros.

"Penso que temos uma noite longa à nossa frente e não é certo que teremos uma solução. É melhor tomarmos a decisão certa do que tomar uma decisão rápida", concluiu o 'Taoiseach', também ele apontado como um hipotético candidato aos cargos de topo da UE.

O primeiro-ministro croata, Andrej Plenkovic, foi mais crítico e, numa sucinta declaração em inglês, disse apenas que o PPE tem uma posição unificada sobre a presidência do executivo comunitário.

Entre os líderes conservadores que se pronunciaram contra o denominado acordo de Osaka, à entrada para a cimeira extraordinária, que ainda não começou, estavam ainda o primeiro-ministro búlgaro, Boyko Borissov, e o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.

Se os líderes pertencentes ao PPE, à exceção de Merkel, votarem contra a nomeação de Timmermans, o socialista holandês não chegará à presidência da Comissão, uma vez que aquela família política tem oito representantes no Conselho e força de bloqueio.

Para chegar à presidência do executivo, Timmermans precisa do voto favorável de uma maioria qualificada reforçada no Conselho (pelo menos 21 Estados-membros e 65% da população da UE).

Após a cimeira inconclusiva de 20 de junho passado -- que terminou já na madrugada de 21 sem "fumo branco" -, os chefes de Estado e de Governo da União Europeia voltam a reunir-se hoje em Bruxelas, em cima do prazo limite para tentar encontrar um compromisso, uma vez que na terça-feira tem início, em Estrasburgo, França, a sessão inaugural da nova legislatura do Parlamento Europeu (PE), na qual será eleito o presidente da assembleia, um dos lugares de topo negociados "em pacote".

Além da presidência do executivo comunitário -- o posto que todos querem, e pelo qual estão dispostos a "abrir mão" dos restantes -- estão em jogo as presidências do Conselho Europeu, do Banco Central Europeu e de Alto Representante para a Política Externa, assim como a presidência do Parlamento Europeu, já que, embora esta seja decidida pelos eurodeputados, é tradicionalmente também negociada "em pacote", de modo a serem respeitados os necessários equilíbrios (partidários, geográficos, demográficos e de género) na distribuição dos postos.

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