02 jul, 2019 - 19:25
O acordo para os altos cargos europeus foi difícil, exigiu negociações demoradas, mas no final perderam as forças que queriam bloquear a Europa, afirma o primeiro-ministro português, António Costa.
“Foi muito importante que a Europa não tenha ficado bloqueada na sua capacidade de decisão e que quem o procurou fazer não tenha conseguido lograr o seu objetivo, nem bloqueando Europa nem conseguindo qualquer papel relevante no seu futuro”, declarou António Costa, aos jornalistas, em Bruxelas.
Os chefes de Estado e Governo da União Europeia alcançaram esta terça-feira um entendimento sobre os nomes para os altos cargos comunitários, depois de uma nova terceira ronda de duras negociações.
Ursula von der Leyen, ministra alemã da Defesa, foi proposta para nova presidente da Comissão Europeia, atual líder do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, está indicada para presidente do Banco Central Europeu (BCE) e, para a presidência do Conselho foi proposto o nome do liberal Charles Michel, atual primeiro-ministro interino da Bélgica.
O primeiro-ministro considera que este conjunto de nomes representa um “esforço grande para assegurar o equilíbrio de género, um equilíbrio entre as diferentes regiões, famílias políticas e, sobretudo, garantir para todas as funções pessoas com experiência comprovada quer a nível nacional quer a nível internacional, de que dão garantias de um bom cumprimento das funções para que agora são propostas”.
O primeiro-ministro espera, agora, que os nomes recebam luz verde do Parlamento Europeu e que possam ocupar os altos cargos nos próximos cinco anos.
Questionado se este desfecho representa uma derrota para os socialistas - que mantêm os mesmos cargos -, António Costa admite que, por duas vezes, os líderes europeus estiveram perto de um acordo para dar a presidência da Comissão Europeia aos socialistas, mas não foi possível devido a divisões na família política do Partido Popular Europeu (PPE).
“É verdade que por duas vezes tivemos acordos concluídos que permitiam melhor resultado e a presidência da Comissão. Constatamos que as divisões internas no PPE não permitiram que esses acordos se mantivessem válidos. Pior, que a permeabilidade de vários governos do PPE ao discurso dos países de Visegrado, um fator preocupante para o futuro da Europa, teve tradução na capacidade da constituição de uma minoria de bloqueio que não permitiu um acordo”, lamentou.
António Costa elogia a atitude responsável dos governos socialistas no processo de escolha dos altos responsáveis europeus.
“O pior que os governos socialistas podiam fazer era replicar a mesta atitude de bloqueio. Pelo contrário, acho que responsavelmente tivemos uma posição construtiva que permitiu à Europa seguir em frente com uma solução que permite, cinco anos depois, com menos governos, menos deputados e um acordo a três famílias manter exatamente as mesmas posições que tínhamos há cinco anos. O alargamento deste acordo aos liberais passou pelo PPE ter cedido a presidência do conselho a um primeiro-ministro da família liberal”, sublinha o primeiro-ministro português.