09 jul, 2019 - 12:32 • Agência Lusa
O principal grupo que está na base das manifestações nas últimas semanas em Hong Kong desvalorizou o facto de a chefe do Governo ter declarado esta terça-feira a “morte” da lei da extradição e prometeu novas manifestações.
Estas palavras “não significam nada de novo”, disse a porta-voz da Frente Civil de Direitos Humanos, Bonnie Leung, em conferência de imprensa, numa alusão à declaração da chefe do executivo de Hong Kong, Carrie Lam, que deu como "morta" a lei da extradição, que provocou uma série de protestos maciços desde 09 de junho.
"Eu considero a lei da extradição morta", disse Lam durante uma conferência de imprensa, acrescentando que os trabalhos de preparação desta medida foram "um completo fracasso".
Na opinião de Bonnie Leung, a líder do Governo da antiga colónia britânica não garantiu que a lei vai ser completamente abandonada: "Lam ainda se recusa a dizer que remove a iniciativa”, afirmou.
"Se as nossas cinco exigências não forem ouvidas por Carrie Lam e pelo seu Governo, a Frente Civil de Direitos Humanos continuará a realizar manifestações e comícios", sublinhou a porta-voz.
A ativista exigiu a retirada definitiva do projeto de lei, a demissão de Carrie Lam, que os protestos não sejam classificados como motins, a libertação dos detidos e a abertura de uma investigação sobre a violência policial.
Esta última reivindicação já foi aceite pela chefe do executivo que, na sua declaração aos jornalistas, anunciou a criação de um comité de investigação independente para supervisionar a ação da polícia durante os protestos que se verificaram na cidade durante o último mês.
"Como é que o Governo pode pedir aos manifestantes que respeitem o Estado de Direito, quando ele próprio não o faz?", questionou a ativista.
Bonnie Leung criticou ainda a ação policial no último domingo, cujos agentes "se recusaram a mostrar os seus crachás de identificação ou usar uniformes no exercício das suas funções".
Durante as manifestações de domingo, seis manifestantes, quatro homens e duas mulheres, entre os 20 e os 66 anos, foram detidos. Dos seis, um foi detido por se recusar a ser identificado e os restantes por "obstrução e agressão de um agente no exercício das suas funções", adiantou a polícia de Hong Kong, em comunicado.
Desde o início dos protestos, a 9 de junho, registaram-se 71 detenções, sendo que 15 ocorreram após a invasão do Parlamento no dia 1 de julho, segundo dados avançados pelo movimento pró-democracia à agência de notícias Efe.
A organização não-governamental Amnistia Internacional (AI) também já se pronunciou sobre as palavras proferidas hoje por Carrie Lam, considerando-as “vagas”.
"A recusa de Lam em reconhecer as consequências fatais da lei extradição promete continuar a inflamar a situação em Hong Kong", disse em comunicado o diretor da organização não-governamental em Hong Kong, Man-kei Tam.