23 jul, 2019 - 12:10 • Filipe d'Avillez
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Agora que foi eleito líder do Partido Conservador, assumindo assim automaticamente o cargo de primeiro-ministro, Boris Johnson enfrenta vários desafios.
Governo
Antes de se preocupar com o Brexit, Johnson tem de mostrar que consegue governar internamente e conseguir os votos no Parlamento necessários para fazer aprovar as suas medidas.
Esta tarefa pode ser mais difícil do que parece à primeira vista. Johnson não escolheu os deputados conservadores que formam a maioria no Parlamento e estes, que já com Theresa May se mostraram tudo menos dispostos a colaborar cegamente com o líder do partido, poderão não estar dispostos a seguir as ordens do novo líder.
Supostamente, a próxima eleição é só em 2022 mas o Partido Conservador não tem maioria absoluta e Boris Johnson, ainda mais pelo forma como assumiu o cargo de primeiro-ministro, poderá enfrentar moções de censura logo ao tomar posse, pondo em risco o seu governo e levando à convocação de eleições antecipadas.
Mostrar-se capaz de controlar um Governo e um parlamento que não escolheu é, por isso, a sua primeira grande prioridade.
Brexit
A primeira prioridade do novo Governo britânico será tentar negociar um novo acordo com a União Europeia. Caso não consiga – e os sinais da UE são de pouca flexibilidade – corre o risco de ter de enfrentar uma saída sem acordo.
Alguns deputados conservadores já disseram que estão dispostos a votar favoravelmente a uma moção de censura caso o cenário seja de um Brexit sem acordo, o que mais uma vez poderá levar à convocação de eleições antecipadas.
A grande questão nas negociações é o já famoso “backstop”, sobre o estatuto da fronteira entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda. Boris Johnson quer eliminar essa parte do acordo mas a União Europeia tem recusado essa possibilidade.
Trump e Estados Unidos
Um dos grandes trunfos de Boris Johnson é que tem uma excelente relação com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Trump tem elogiado Johnson publicamente várias vezes e isso poderá facilitar as negociações com a América, o que será necessário num cenário de Brexit.
O primeiro desafio neste campo será de emendar as relações diplomáticas, que recentemente sofreram um revés, quando o embaixador britânico em Washington viu serem publicados documentos classificados em que criticava o Presidente americano. O embaixador demitiu-se no seguimento do escândalo.
Irão e China
No campo das Relações Internacionais Boris Johnson terá de lidar com a batata quente que são as relações com o Irão, que estão em ponto de fervura e com possibilidade de conflito armado em vista.
Os Estados Unidos têm alinhado na retórica bélica, enquanto os países europeus parecem apostados em desanuviar o ambiente e tentar evitar a guerra. O novo primeiro-ministro britânico terá de escolher com quem quer alinhar.
As relações com a China também são difíceis, mas apenas no plano económico e tecnológico. O conflito entre os Estados Unidos e a China sobre o papel da Huawei também pode sobrar para o novo primeiro-ministro, que terá de decidir que papel a empresa chinesa desempenha na estrutura das comunicações britânicas.
O problema é que, saindo da União Europeia, o Reino Unido quer fortalecer as relações comerciais com a China, pelo que este é um território muito difícil para o Boris Johnson.