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Recorde negro em 2018: 12 mil crianças mortas ou feridas em conflitos

31 jul, 2019 - 08:16 • Lusa

Entre as violações registadas contam-se ainda o recrutamento e uso de menores nos combates, a violência sexual, os raptos e os ataques a escolas e hospitais, avança o relatório.

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Mais de 12 mil crianças foram mortas e feridas em conflitos armados no ano passado, denuncia hoje a ONU, sublinhando tratar-se de um recorde e apontando Afeganistão, Palestina, Síria e Iémen como os piores países da lista.

Num relatório anual publicado, as Nações Unidas referem que as mortes e ferimentos estão entre as mais de 24 mil “violações graves” dos direitos das crianças verificados pela organização no ano passado.

Entre as violações registadas contam-se ainda o recrutamento e uso de menores nos combates, a violência sexual, os raptos e os ataques a escolas e hospitais, avança o relatório.

De acordo com o documento, entregue pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, ao Conselho de Segurança das Crianças e Conflitos Armados, e citado pela agência AP, o número destas violações feitas por grupos armados manteve-se estável relativamente a 2017, mas houve um “aumento alarmante” do número de violações realizadas por forças governamentais e internacionais.

O relatório refere que o número de mortos e feridos em 2018 foi o mais alto desde que o Conselho de Segurança autorizou a monitorização e realização destas análises, em 2005.

O Afeganistão lidera a lista dos países com mais casos, com 3.062 baixas em 2018, sendo que “28% de todas as vítimas civis são crianças”.

Na Síria, os ataques aéreos e as bombas mataram e feriram 1.854 menores e, “no Iémen, 1.689 crianças sofreram as consequências dos conflitos”, adianta o documento.

No conflito israelo-palestiniano, a ONU verificou ter-se registado em 2018 o maior número de crianças palestinianas mortas - 59 - e feridas - 2.756 - desde 2014.

A análise apurou terem também ficado feridas seis crianças israelitas.

Guterres admitiu estar “extremamente preocupado com o aumento significativo” de feridos nesta área do mundo, incluindo por inalação de gás lacrimogéneo, e pediu ao enviado da ONU, Nikolay Mladenov, para fazer uma análise mais fina aos episódios causados por forças israelitas.

De acordo com o relatório, as partes em conflito na Somália recrutaram e utilizaram 2.300 crianças, algumas com apenas 8 anos de idade, tendo-se verificado um aumento significativo do recrutamento feito pelos extremistas al-Shabab, que terão usado 1.865 menores para combater.

A Nigéria ficou em segundo lugar, com 1.947 crianças recrutadas, incluindo algumas usadas como bombistas suicidas.

A Somália teve o maior número de casos de violência sexual contra crianças, com 331 casos em 2018, seguida pelo Congo, com 277 casos, embora o secretário-geral tenha alertado haver muitos casos que não são notificados, particularmente contra meninos, devido ao estigma.

A Somália teve também o maior número de raptos de crianças no ano passado: 1.609.

António Guterres sublinhou ainda os milhares de crianças afetadas por 1.023 ataques verificados em escolas e hospitais no ano passado.

O secretário-geral também expressou preocupação com a crescente detenção de crianças, reiterando que “essa medida só deve ser usada como último recurso e pelo menor período possível” e defendendo que “as alternativas à detenção devem ter sempre prioridade”.

Segundo o secretário-geral da ONU, em dezembro do ano passado estavam 1.248 crianças, sobretudo com idades abaixo dos 5 anos, “privadas da sua liberdade”.

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