04 ago, 2019 - 14:49 • Lusa
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A Organização das Nações Unidas (ONU) e os rebeldes Houthi anunciaram este domingo um acordo para retomar o fornecimento de alimentos nas zonas do Iémen controladas por rebeldes.
A ajuda tinha sido suspensa em junho, na capital iemenita (Sanaa), após acusações de que os rebeldes estavam a desviar os bens alimentares.
Por outro lado, os rebeldes acusaram o Programa Alimentar Mundial (PAM), que é a maior agência humanitária do mundo, de enviar alimentos fora de prazo de validade para o Iémen.
Segundo o porta-voz do PAM, Herve Verhoosel, o acordo alcançado com os rebeldes Houthi é "um passo importante” para salvaguardar e garantir a operação humanitária no Iémen.
Sem avançar com pormenores do acordo, Herve Verhoosel disse que as duas partes estão a trabalhar nos detalhes técnicos, de acordo com a Associated Press.
Apesar de ter sido anunciado hoje, o líder rebelde Mohammed Ali al-Houthi afirmou que o acordo foi assinado no sábado.
Em maio, os rebeldes do Iémen devolveram um carregamento do PAM destinado a alimentar cerca de 100 mil famílias no país devastado pela guerra e no limiar da fome, anunciou um porta-voz da agência humanitária.
A rejeição da remessa ocorreu quando o PAM estava em negociações tensas com os rebeldes, conhecidos como Huthis, que bloquearam a tentativa da agência de registar milhões de iemenitas que precisavam de ajuda, usando a biometria como forma de impedir o roubo de ajuda alimentar.
O PAM culpou principalmente os rebeldes por roubarem a ajuda alimentar, acrescentando que o carregamento rejeitado também privaria milhares de famílias de ajuda extremamente necessária.
Em junho, o PAM suspendeu parcialmente a ajuda, uma vez que as conversações com os Huthis não tiveram resultados e depois de a agência acusar os rebeldes de continuarem a roubar ajuda e de usarem milhões de dólares de doações internacionais para a economia de guerra.
Segundo o PAM, a suspensão afetou 850.000 pessoas em Sanaa, capital iemenita, onde ocorreu a maior parte do roubo.
O PAM tem enviado ajuda alimentar no valor de 100.000 milhões de dólares (87,8 milhões de euros) por mês para o Iémen.
Os rebeldes, que controlam o norte do Iémen, responderam com uma feroz campanha nos meios de comunicação contra o PAM, acusando-o de enviar comida estragada.
Dias antes da suspensão da ajuda, David Beasley, diretor executivo do PAM, referiu ao Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) que a agência descobriu no final de 2018 "evidências sérias de que comida estava a ser desviada e a ir para as pessoas erradas" na capital Sanaa e outras áreas controladas pelos Houthis.
O conflito no Iémen começou com a tomada da capital, Sanaa, em 2014, pelos Houthis apoiados pelos iranianos, que expulsaram o governo internacionalmente reconhecido.