05 ago, 2019 - 07:58 • Lusa
Um terço dos controladores de tráfego aéreo juntou-se ao protesto contra as emendas à lei da extradição, condicionando fortemente as operações no Aeroporto Internacional de Hong Kong, um dos aeroportos mais movimentados do mundo. Reduzindo drasticamente as suas operações de voo, está a utilizar apenas uma das duas habituais pistas.
A Cathay Pacific e outras companhias aéreas domésticas, como a Hong Kong Airlines, foram as mais afetadas pelos cancelamentos.
A líder do executivo de Hong Kong disse, esta segunda-feira, que a cidade está "à beira de uma situação muito perigosa" devido aos protestos, mas que o Governo está determinado em garantir a ordem pública.
Carrie Lam sublinhou ainda que as ações de protesto estão a atingir sobretudo a classe trabalhadora, a desafiar o princípio "um país, dois sistemas" e a prosperidade da cidade, onde se vive o caos e a violência.
A polícia de Hong Kong anunciou que deteve 420 pessoas desde que os protestos começaram, há nove semanas, incluindo 82 durante as manifestações de hoje, que resultaram na interrupção de linhas de metro e voos cancelados. Também disparou gás lacrimogéneo por mil vezes e cerca de 160 balas de borracha, durante o mesmo período.
Os protestos desta segunda-feira já causaram a suspensão total ou parcial de, pelo menos, oito linhas de metro, após dois dias de confrontos entre manifestantes e a polícia.
Esta é a terceira vez em três semanas que os manifestantes interrompem o serviço do metropolitano. O serviço de comboio rápido que liga o centro da cidade ao aeroporto também foi suspenso.
Hong Kong vive há dois meses um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.
A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e denunciam agora aquilo que os manifestantes afirmam ser uma "erosão das liberdades" na antiga colónia britânica.
A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respetivamente, decorreu sob o princípio "um país, dois sistemas", precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa.
Para as duas regiões administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.