13 ago, 2019 - 14:28 • Redação
Tropas paramilitares chineses estão a concentrar-se na fronteira com Hong Kong e há vários vídeos dessas movimentações na cidade de Shenzhen, a cerca de 30 quilómetros da região administrativa especial.
Trata-se de mais um episódio na escalada de tensão no território, onde decorrem violentos protestos contra um projeto de lei que prevê que suspeitos de crimes no território sejam extraditados para a China para serem julgados.
Os manifestantes consideram que a autonomia de Hong Kong está em causa e, esta terça-feira, voltaram a concentrar-se no aeroporto local, obrigando ao cancelamento de todos os voos, pelo segundo dia consecutivo.
Estes protestos já originaram vários confrontos e detenções. O Governo chinês vê aqui “sinais de terrorismo” e por isso parece preparado para agir com mais força ou pelo menos para mostrar que a pode ativar logo que necessário.
De acordo com órgãos de comunicação estatais chineses, os militares estarão a ser convocados para “exercícios em larga escala”. Alexandre Krauss, conselheiro da Comissão de Negócios Estrangeiros do Parlamento Europeu e fundador da Iniciativa Liberal, considera no Twitter que os vídeos são um sinal de que "algo muito mau está prestes a acontecer".
Estatuto especial da região em causa
Carrie Lam, a líder do executivo de Hong Kong, que segue uma linha pró-Pequim, diz que a cidade está num “caminho sem retorno”, após 10 semanas de protestos. Lam defendeu a atuação da polícia e desvaloriza os pedidos para a sua demissão, garantindo que o diálogo só será retomado “após a violência parar”.
Em comunicado, a Alta Comissária para os Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, pede moderação: “Podem ver-se agentes policiais a disparar gás lacrimogéneo para zonas fechadas e cheias de pessoas e diretamente para alguns manifestantes em várias ocasiões, criando um risco considerável de morte ou lesões graves”.
Hong Kong é, desde 1997, uma região administrativa especial chinesa, tal como Macau, beneficiando de um elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judicial, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.
Os manifestantes temem que Hong Kong fique à mercê do sistema judicial como qualquer outra cidade da China continental e de uma justiça politizada que não garanta a salvaguarda dos direitos humanos.
Os defensores da lei argumentam que, caso se mantenha a impossibilidade de extraditar suspeitos de crimes para países como a China, tal poderá transformar Hong Kong num "refúgio para criminosos internacionais".