16 ago, 2019 - 15:42 • João Pedro Barros com agências
Donald Trump tem uma longa carreira, com altos e baixos, no ramo do imobiliário. Fontes citadas pelo "Wall Street Journal" e CNN, esta quinta-feira, revelam que o Presidente dos Estados Unidos terá por várias vezes tentado lançar a ideia de um negócio que seria o maior de sempre: comprar a Gronelândia, a maior ilha do mundo e uma região autónoma da Dinamarca, localizada no Ártico.
Porém, o negócio terá poucas pernas para andar, a avaliar pelas reações que gerou do lado dinamarquês. “Estamos disponíveis para negócios, mas não estamos à venda”, declarou Ane Lone Bagger, ministra dos Negócios Estrangeiros da Gronelândia, citada pelo “The Guardian”. Também uma deputada do parlamento local, Aaja Chemnitz Larsen, reagiu de forma lapidar: “A nossa resposta é ‘não, obrigado’”.
Uma fonte revelou ao "Wall Street Journal" que, na primavera, Trump abordou o assunto num jantar com vários convidados: “O que é que acham disso? Poderia resultar?” Porém, também os próprios conselheiros de Trump terão considerado que o negócio é inviável. Terá sido essa resposta da equipa jurídica da Casa Branca, quando questionada pelo Presidente. Ainda assim, prometeram investigar o tema, garante a CNN.
O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Martin Lidegaard declarou à Reuters que a Dinamarca não pode vender a Gronelândia “como uma velha potência colonial”. Em 2009, após a realização de um referendo, o território ganhou uma maior autonomia, ficando a Dinamarca apenas responsável pelos Negócios Estrangeiros e pela Defesa.
Território rico em recursos naturais
A Gronelândia tem uma dimensão de mais de dois milhões de quilómetros quadrados – maior do que a do México, Arábia Saudita ou Irão e cerca de 23 vezes a área de Portugal – e uma população de apenas 56 mil pessoas - é o território com menor densidade populacional do mundo. Porém, é rico em recursos naturais como carvão e urânio.
É também na Gronelândia que se situa a base militar norte-americana de Thule, a mais a norte do mundo. A infraestrutura está equipada com um radar com sistema de deteção de mísseis balísticos com um alcance de milhares de quilómetros.
A ideia de Trump seria deixar um grande marco da sua presidência, tal como Woodrow Wilson fez em 1917, quando comprou precisamente à Dinamarca as Antilhas Dinamarquesas, compostas por três ilhas, por 25 milhões de dólares. Em 1946, o então Presidente Harry Truman tentou comprar a Groenlândia, mas a proposta de 100 milhões de dólares foi recusada.
Donald Trump vai visitar a Dinamarca em setembro e, oficialmente, o assunto não faz parte da agenda.