18 ago, 2019 - 13:52 • Redação com agências
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A organização não-governamental espanhola Open Arms afirmou neste domingo não poder aceitar a oferta da Espanha para atracar em Algeciras, devido a uma situação de emergência a bordo.
"Não aceitamos Espanha como porto, porque estamos em estado de extrema emergência humanitária. O que eles precisam é desembarcar agora", justificou a porta-voz da ONG.
"É impensável navegar por seis dias, o tempo necessário para chegarmos a Algeciras", acrescentou.
Os migrantes, em sua maioria africanos, foram recolhidos pelo barco “Open Arms” na costa da Líbia e esperam para desembarcar na ilha de Lampedusa, no sul da Itália.
Neste domingo ao início da tarde, e já depois da oferta do Governo espanhol, um grupo de migrantes lançou-se ao mar para chegar a nado a Lampedusa.
Ao final da manhã, o Governo de Espanha propôs receber o navio humanitário “Open Arms” em Algeciras, tendo em conta a "inconcebível” recusa de Itália em autorizar o desembarque dos 107 migrantes resgatados do mar há 17 dias.
“A inconcebível resposta das autoridades italianas e, em concreto do ministro do Interior, Matteo Salvini, de fechar todos os seus portos, bem como as dificuldades expostas por outros países do Mediterrâneo Central, levaram Espanha a liderar mais uma vez a resposta a uma crise humanitária”, refere o comunicado emitido.
O texto frisa que “os portos espanhóis não são nem os mais próximos nem os mais seguros para o ‘Open Arms’, como os próprios responsáveis do navio têm repetido, mas neste momento Espanha é o único país disposto a acolhê-lo no quadro de uma solução europeia”.
“A situação dos migrantes do ‘Open Arms’ causou, desde o primeiro momento, grande preocupação no executivo, cujo propósito foi encontrar a melhor solução comum que, após a receção do navio, prosseguirá com a repartição dos migrantes acordada por seis países membros, entre eles Espanha”, refere ainda o comunicado.
O “Open Arms”, operado pela ONG espanhola Proativa Open Arms, está ao largo da ilha italiana de Lampedusa desde 1 de agosto, depois de ter resgatado 147 migrantes do Mar Mediterrâneo, ao largo da Líbia. Os dois países mais próximos – Itália e Malta – recusaram-lhe o acesso aos seus portos.
Atualmente, estão 107 migrantes e 19 voluntários a bordo, depois de, no sábado, Itália ter autorizado a retirada de 27 menores não-acompanhados e de várias operações para retirar do navio pessoas a precisar de assistência médica urgente.
Apesar de, na quinta-feira, seis países europeus – Portugal, Espanha, Alemanha, França, Luxemburgo Roménia – se terem oferecido para receber os migrantes a bordo do navio humanitário, o “Open Arms” continua sem autorização do ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, para aportar.
No comunicado, Espanha volta a sublinhar “o intenso labor dos navios espanhóis na sua zona de responsabilidade”, que “certificam o cumprimento dos tratados internacionais”, afirmando que “entre 2018 e 2019, os serviços de salvamento marítimo […] resgataram e conduziram a portos espanhóis mais de 60.000 pessoas”.
“Espanha é hoje, com grande diferença, o país da União Europeia que mais resgates realiza no Mediterrâneo”, afirma o comunicado.