20 ago, 2019 - 22:28 • Redação com Lusa
Cerca de quatro dezenas de pessoas concentraram-se esta terça-feira na Praça Luís de Camões, em Lisboa, assinalando 500 dias de prisão do ex-Presidente brasileiro Lula da Silva e pedindo a libertação do antigo chefe de Estado.
"Nós estamos a defender que Lula possa ser libertado, que o processo possa ser anulado", afirmou Pedro Prola, luso-brasileiro que pertence ao Coletivo Andorinha e ao Núcleo do Partido dos Trabalhadores (PT) de Lisboa. "O Presidente Lula foi objeto de um processo que foi acelerado como nenhum outro processo na Lava Jato e foi incluído na Lava Jato através de contratos da Petrobras que depois saíram do processo. É uma situação completamente anómala", acrescentou.
Para Evonês Santos, 40 anos, da coordenação do Núcleo do PT de Lisboa, é "super importante reivindicar a liberdade do ex-Presidente Lula, porque se ele estivesse livre, teria concorrido às eleições" presidenciais de 2018. "O Presidente Lula foi preso porque era o primeiro colocado em todas as pesquisas de opinião [sondagens] e venceria Bolsonaro [Jair Bolsonaro, atual Presidente do Brasil] se fosse a eleições", acusou Pedro Prola.
Lula da Silva cumpre uma pena em regime fechado atualmente estipulada em oito anos e 10 meses de prisão na cidade de Curitiba desde 7 de abril do ano passado, por corrupção.
A sentença voltou a gerar polémica depois da divulgação de mensagens de autoridades do Brasil após a interceção de conteúdos de telemóveis de atuais membros e ex-responsáveis da Operação Lava Jato.
Maurício Moura, do Diálogo e Ação Petista, grupo afeto ao PT, afirmou já não acreditar no Estado de Direito no Brasil. "Se se prende uma pessoa sem trânsito em julgado, sem esgotar as instâncias, não se tem confiança na lei, porque a lei não funciona", disse durante a concentração em Lisboa.
Na terça-feira passada, dia 13 de agosto, a defesa de Lula da Silva entregou um pedido de liberdade no Supremo Tribunal Federal (STF), argumentando falta de isenção dos procuradores da Operação Lava Jato, considerando mensagens divulgadas pelo portal jornalístico The Intercept Brasil.
Este pedido junta-se a um outro pedido de habeas corpus que está em votação no STF, feito em 2018 pelos advogados de Lula, visando a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro, responsável pela condenação do antigo governante no caso de um apartamento de luxo na cidade do Guarujá, no município em São Paulo, por Moro ter aceitado o cargo de ministro da Justiça do Governo liderado por Jair Bolsonaro.