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Primeira-ministra avisa que independência da Escócia pode ser "completamente inevitável”

28 ago, 2019 - 19:12 • Redação

Nicola Sturgeon quer travar suspensão do Parlamento britânico pedida por Boris Johnson e aceite pela rainha. Primeira-ministra escocesa alerta: pode ser "o dia em que a democracia morreu no Reino Unido".

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A primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, afirma que, se a suspensão do Parlamento britânico não for travada, “hoje é o dia em que a democracia morreu” no Reino Unido.

Fechar o Parlamento para forçar um Brexit sem acordo, que vai provocar danos graves no país, contra a vontade dos deputados, não é democracia, é ditadura. Se na próxima semana os deputados não se juntarem para travar Boris Johnson, acho que hoje é o dia em que a democracia morreu no Reino Unido. Isso não pode acontecer”, disse Nicola Sturgeon, à BBC.

Em declarações ao jornal “Heart Scotland News”, a primeira-ministra escocesa foi mais longe e referiu que, no atual quadro, este “pode muito bem ser o dia em que a independência da Escócia se tornou completamente inevitável”.

“Penso que o apoio à independência está a crescer a cada dia que passa. Respeito as pessoas que votaram ‘Não’ [no referendo à independência de 2014], apesar de não concordar com elas, respeito as suas legítimas razões, mas sei que muitas estão agora a olhar para a situação no Reino Unido e a pensar ‘Não queremos fazer parte deste tipo de sistema'”, afirmou Nicola Sturgeon.

A Rainha Isabel II aprovou, esta quarta-feira, o pedido do primeiro-ministro britânico, Boris Jonhson, para suspender o Parlamento, anunciou o Palácio de Buckingham.

“É neste dia ordenado por Sua Majestade no Conselho que o Parlamento seja prorrogado num dia não antes de 9 de setembro e até quinta-feira, 12 de setembro de 2019, até 14 de outubro de 2019”, anuncia o comunicado.

A nota confirma assim que o Parlamento pode ser suspenso a partir do dia 9 de setembro.

É a resposta da Rainha ao pedido que Boris Johnson fez nesta quarta-feira de manhã, com vista a impedir que haja tempo para a aprovação de legislação que trave o "hard Brexit".

Com a suspensão dos trabalhos parlamentares, os deputados dificilmente terão tempo para aprovar leis que visem impedir o primeiro-ministro de consumar a saída do Reino Unido da União Europeia a 31 de outubro.

Mas Johnson recusa que o seu pedido tenha esse objetivo. “Os deputados terão muito tempo para debater” o Brexit. "Não vamos esperar até 31 de outubro para dar continuidade aos nossos planos de levar o país adiante. Temos de começar a pôr no terreno um orçamento e novas leis e é por isso que vamos ter o discurso da Rainha a 14 de outubro”, sustenta.

O embaixador Francisco Seixas da Costa acredita que o pedido de suspensão dos trabalhos do parlamento britânico pode criar uma crise constitucional.

“Isto pode criar, de facto, uma crise constitucional no Reino Unido porque, de certo modo, podendo o Governo fazer isto, isto significa que o Governo britânico está a procurar retirar ao Parlamento a possibilidade, durante este período, de poder, por exemplo, produzir legislação que inviabilize o modo como o Governo está a gerir a sua relação com a União Europeia, em particular no caso do Brexit”, diz o diplomata à Renascença.

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