02 set, 2019 - 14:13 • João Pedro Barros
Boris Johnson convocou um conselho de ministros extraordinário para esta tarde, às 16h45, ao mesmo tempo que vários fontes, incluindo o editor de política do “The Sun”, Tom Newton Dunn, avançam que o primeiro-ministro britânico se está a preparar para convocar eleições antecipadas. Também a editora de Política da BBC, Laura Kuenssberg, avança com a possibilidade de que saia da reunião uma moção para que os deputados do partido Conservador aprovem eleições.
Os deputados voltam ao trabalho, após as férias, esta terça-feira, e a sessão é suspensa a 10 de setembro. Há várias alternativas possíveis, como um pedido de debate urgente para apresentar um projeto de lei exigindo que Boris Johnson solicite um adiamento adicional do Brexit, previsto para 31 de outubro – e vários deputados conservadores poderão votar a favor.
Por outro lado, Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista e da oposição, pode apresentar uma moção de censura para derrubar o Governo. Algo que o próprio pediu, em declarações esta segunda-feira, mas sem revelar se será essa prioridade ou a aprovação de medidas legislativas para travar um possível Brexit sem acordo.
"Vamos fazer tudo o que for possível, nas próximas semanas, para impedir um Brexit sem acordo, Queremos eleições legislativas para que os cidadãos deste país possam decidir sobre o seu futuro. Uma moção de censura está sobre a mesa, não se trata de um caso de e/ou, ambas as opções estão em aberto”, disse Corbyn,citado pela Reuters. perante uma plateia repleta de dirigentes Trabalhistas, em Salford, no norte de Inglaterra.
Corbyn considera que as atitudes de Boris Johnson – incluindo a ameaça de expulsar do parlamento os deputados do seu partido que votem contra o Governo na questão do Brexit – se irão virar contra ele e garante que, em eventuais eleições, os Trabalhistas irão “permitir às pessoas ter uma palavra final em votação, com opções credíveis de ambos os lados, incluindo a possibilidade de permanecer” na União. Ou seja, a proposta é de um segundo referendo.
“Dizemos que este é um ataque à democracia e que esta vai resistir. As pessoas não vão permitir uma intriga populista e simulada em Downing Street [sede do Governo britânico] em nome dos interesses instalados dos mais ricos para lhes negar o seu voto democrático”, acusou.
Entretanto, o antigo primeiro-ministro Trabalhista Tony Blair avisou Corbyn de que Boris Johnson está a montar uma “armadilha” ao convocar eleições para novembro, o que poderá inviabilizar todas as tentativas de evitar uma saída sem acordo a 31 de outubro, data determinada pelo Conselho Europeu para a conclusão do processo da saída do Reino Unido da União Europeia, iniciado em março de 2017.