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África do Sul

​Negócios de portugueses em Joanesburgo afetados por onda de violência e vandalismo

02 set, 2019 - 16:39 • Lusa

"Foi terrível, passei a noite a apagar chamas e ainda não fui à cama", relata o proprietário de um edifício comercial.

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A violência e o vandalismo que eclodiu na área metropolitana de Joanesburgo, na África do Sul, afetou negócios e edifícios de portugueses no leste da cidade, disse à Lusa um residente na Jules Street.

"Há edifícios de portugueses que foram vandalizados e destruídos aqui na Jules Street", descreveu à Lusa Jorge Peterson, proprietário de um edifício comercial onde se encontra instalado um negócio de peças de automóveis Mzanzi Spares.

"Neste momento a situação acalmou, mas disseram que iriam voltar; ontem [domingo] à noite foi terrível, passei a noite a apagar chamas e ainda não fui à cama", declarou.

De acordo com este residente contactado pela Lusa, "o Shoprite [supermercado de grande superfície sul-africano] está em cinzas, a PeppeStores [cadeia de lojas de vestuário sul-africana] está também em cinzas", explicou o empresário.

"Todos sabem que são sul-africanos que estão por detrás desta violência e que o alvo são estrangeiros, isto é pura atividade criminosa", afirmou.

"A situação é muita má. A avenida está completamente vandalizada e destruída", salientou Jorge Peterson.

As imagens transmitidas em direto pelos canais de televisão sul-africanos mostram esta parte da cidade como uma "zona de guerra".

A avenida Jules Street, que liga o centro da cidade de Joanesburgo à área metropolitana de Ekhuruleni (antiga Germiston), leste da cidade, têm uma longa e histórica tradição de negócios e comércio de portugueses, desde stands de automóveis e oficinas de mecânica ao comércio retalhista e restauração.

Fátima Sequeira, proprietária de uma peixaria e talho, avançou à Lusa que o seu armazém "está a funcionar à porta fechada" na Jules Street.

"Há dois meses que fechamos a peixaria e talho na Jules Street para abrir em Malvern East, mas o edifício onde ainda funciona o armazém não foi por enquanto afetado e dissemos ao pessoal para ir trabalhar hoje, mas à porta fechada, porque é um armazém", explicou.

A comerciante lusodescendente descreveu a situação como sendo de "aparente normalidade" em Rosentenville, área residencial lusófona junto ao subúrbio de Turffontein, palco também da recente violência e vandalismo no sul de Joanesburgo, onde a família é também proprietária de uma peixaria e talho.

"Nós estamos abertos [em Rosentenville] mas à volta há muitos que fecharam as lojas. Estamos atentos e se a situação se alterar fechamos imediatamente. De momento a situação é de calma", disse à Lusa Fátima Sequeira.

Segundo a polícia, além de Jeppestown, Malvern e Jules Street, no centro-leste da cidade, os incidentes de violência, vandalismo e pilhagem alastraram-se a Regents Park e Turffontein, sul da cidade, a Tembisa, no leste de Joanesburgo, e à cidade de Tshwane (antiga Pretória), sede da Presidência da República.

A polícia sul-africana deteve 41 pessoas e há a registar três vítimas mortais em resultado de um incêndio que deflagrou num prédio comercial no centro de Joanesburgo, segundo as autoridades sul-africanas.

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