03 set, 2019 - 20:56 • Redação com Lusa
Os Estados Unidos impuseram esta terça-feira, pela primeira vez, sanções à agência espacial do Irão, acusando-a de desenvolver mísseis balísticos sob a cobertura de um programa civil para lançar satélites em órbita. "A tentativa iraniana de disparar um lançador espacial a 29 de agosto sublinha a urgência da ameaça", declarou o chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, num comunicado.
Anunciadas pelos departamentos de Estado e do Tesouro contra a agência e duas das suas afiliadas, estas sanções sujeitam empresas e governos estrangeiros (incluindo organizações internacionais de cooperação espacial) a penalizações por qualquer ligação e congelam os bens dos sancionados em território norte-americano.
As sanções fazem parte da campanha da administração do Presidente norte-americano, Donald Trump, de medidas económicas e diplomáticas contra o Irão desde que o ano passado se retirou unilateralmente do acordo internacional de 2015 que visava restringir o programa nuclear da República Islâmica.
O Irão estará a preparar o lançamento para o espaço de um satélite de comunicação, o Nahid-1. Os Estados Unidos alegam que tais lançamentos desafiam uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas apelando ao Irão para não realizar atividades relacionadas com mísseis balísticos capazes de transportar armas nucleares.
As sanções ocorrem numa altura em que a França tenta uma mediação entre o Irão e os Estados Unidos para fazer descer a tensão. No final de agosto, o chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, e Donald Trump admitiram a possibilidade de um encontro entre o Presidente norte-americano e o seu homólogo iraniano, Hassan Rohani, à margem da Assembleia-Geral da ONU, que decorre este mês em Nova Iorque.
Rohani rejeitou hoje manter negociações bilaterais com os Estados Unidos e disse que, caso Washington levante as sanções, apenas aceita um diálogo multilateral com os países que assinaram o acordo nuclear com Teerão em 2015.
O pacto foi assinado entre o Irão e os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU(Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China), mais a Alemanha, e previa o levantamento de sanções internacionais em troca de limitações e maior vigilância do programa nuclear iraniano. Um ano após o anúncio da decisão norte-americana de abandonar o acordo, o Irão declarou que não se sentia obrigado a continuar a respeitar alguns dos seus compromissos no pacto enquanto os restantes signatários não conseguissem ajudá-lo a contornar as sanções dos Estados Unidos.
Hassan Rohani ameaçou hoje reduzir ainda mais os seus compromissos em matéria nuclear "nos próximos dias" se as negociações com os países europeus envolvidos no acordo nuclear não alcançarem resultados.