04 set, 2019 - 11:09 • Redação com Reuters
A chefe do governo de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou nesta quarta-feira a retirada formal da controversa “lei da extradição”.
A notícia tinha sido antecipada pela comunicação social e concretizou-se nos últimos minutos. "O governo retirará formalmente o projeto de lei a fim de aliviar totalmente as preocupações do público", anunciou Lam.
A chefe do governo espera assim que o território possa ultrapassar esta fase “altamente vulnerável e perigosa”.
“A persistente violência está a prejudicar os próprios fundamentos da nossa sociedade, especialmente o Estado de Direito”, afirmou numa comunicação televisiva.
“Prometo que o governo seguirá seriamente as recomendações do relatório do IPCC (Conselho Independente de Queixas da Polícia) e, a partir deste mês, eu e meus principais colaboradores entraremos em contato com a comunidade para iniciar um diálogo direto. Precisamos de encontrar maneiras para resolver o descontentamento da sociedade e procurar soluções”, acrescentou.
O diploma permitia a extradição para a China, onde os tribunais são controlados pelo Partido Comunista, e conduziu a antiga colónia britânica à pior crise política das últimas décadas.
À medida que o governo se recusava a recuar na lei decorriam batalhas intensas nas ruas desta cidade de sete milhões de habitantes, colocando o maior desafio de sempre à liderança do Presidente chinês, Xi Jinping, no poder desde 2012.
Durante os protestos, os manifestantes conseguiram cancelar todos os voos no aeroporto, um dos mais movimentados no mundo, durante dois dias, o que levou o tribunal a decretar a proibição de manifestações no interior e junto à gare.
Recorde a fotogaleria:
O movimento pró-democracia condena a crescente pressão de Pequim sobre o território, que considera pôr em causa o princípio "um país, dois sistemas" adotado após a transferência de Hong Kong para a República Popular da China, em 1997.
Os protestos duram há quase três meses e levaram à detenção de 1.183 pessoas (de acordo com a última contagem), incluindo três deputados do parlamento, na semana passada.
O movimento definiu cinco reivindicações para acabar com os protestos:
Resta agora saber se vão ser todas atendidas.
Os protestos começaram em março, mas intensificaram-se em junho, tendo evoluído para a reivindicação de uma melhor democracia para o território devolvido à China em 1997.