04 set, 2019 - 09:56 • Lusa
As autoridades das Bahamas estão a prestar socorro e ajuda às vítimas do furacão Dorian, contando com o auxílio da Guarda Costeira dos Estados Unidos e da Marinha Real britânica.
"É uma devastação total. Está dizimado. Apocalíptico", descreve Lia Head-Rigby, que ajuda a coordenar um grupo local de socorro e que sobrevoou as ilhas Abacos, mais atingidas pelo furacão.
Vários grupos de ajuda humanitária estão a tentar levar comida e remédios aos sobreviventes e a transportar as pessoas mais afetadas para locais seguros.
Pelo menos sete pessoas morreram nas Bahamas após a passagem do furacão, mas a extensão total do desastre ainda é desconhecida.
Os aeroportos estão inundados e as estradas intransitáveis após as Bahamas terem sido atingidas pelo mais forte furacão registado na história do arquipélago, que fustigou principalmente as ilhas Abacos e a ilha Grande Bahama, com ventos de até 295 quilómetros por hora e chuva torrencial, antes de seguir na terça-feira a sua rota em direção à Florida.
Os ventos severos da tempestade e as águas castanhas e lamacentas destruíram ou danificaram gravemente milhares de casas, incapacitando a atividade de hospitais e deixando muitas pessoas presas em sótãos.
"Não podemos remodelar o que estava lá. Temos que reconstruir de raíz", referiu Lia Head-Rigby.
A responsável adiantou ainda que o seu representante em Abacos lhe disse que havia "muito mais mortos", mas não avançou números, uma vez que os corpos ainda estão a ser recolhidos.
O primeiro-ministro das Bahamas também esperava mais mortes e previu que a reconstrução exigiria "um esforço maciço e coordenado".
"Estamos no meio de uma das maiores crises nacionais da história do país", disse o primeiro-ministro Hubert Minnis numa conferência de imprensa, sublinhando que "nenhum esforço ou recursos serão retidos”.
Ajuda internacional
Cinco helicópteros da Guarda Costeira fizeram voos de hora a hora para as ilhas Abacos, transportando mais de 20 pessoas feridas para o hospital principal da capital.
Marinheiros britânicos também estavam a participar do socorro às vítimas e alguns grupos de ajuda privada tentaram chegar às ilhas atingidas no norte das Bahamas.
As equipas de resgate começaram a retirar as pessoas no rescaldo da tempestade na ilha de Grande Bahama no final de terça-feira, usando motas de água, barcos e até mesmo uma enorme escavadora.
Nas Bahamas, o porta-voz da Cruz Vermelha Matthew Cochrane disse que mais de 13 mil casas, ou cerca de 45% das casas de Grande Bahama e Abacos, foram severamente danificadas ou destruídas.
Autoridades da ONU anunciaram que 61 mil pessoas nas ilhas atingidas precisarão de comida, e a Cruz Vermelha acrescentou que 62 mil precisarão de água potável.
Lawson Bates, funcionário da MedicCorps, com sede no Arkansas, sobrevoou Abacos, comentando que a zona "parece completamente achatado. Há barcos no interior que estão virados. É uma devastação total".
A Cruz Vermelha autorizou 500 mil dólares para a primeira vaga de socorro, disse Cochrane.
Segundo o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, as equipas humanitárias da ONU estavam prontas para entrar nas áreas atingidas para ajudar a avaliar os danos e as necessidades do país. O Governo dos Estados Unidos também enviou uma equipa de resposta a desastres.
O furacão Dorian enfraqueceu para categoria 2 e agora segue a sua rota em direção aos Estados Unidos.
Nos Estados Unidos, vários milhões de pessoas na Florida, Geórgia e Carolina do Sul foram aconselhadas a sair dos locais próximos da costa, por onde o Dorian deve também passar.