10 set, 2019 - 00:35 • Tiago Palma
Tal como na semana passada, a Câmara dos Comuns voltou a rejeitar, já na madrugada desta terça-feira, a moção do primeiro-ministro Boris Johnson que propunha a realização de eleições antecipadas (estas deviam realizar-se só em 2022) já a 15 de outubro.
Johnson precisava do apoio de dois terços do parlamento britânico, ou seja, 434 votos a favor (em 650 deputados), mas fruto dos 46 votos contra e da abstenção da maioria dos deputados, os 293 votos favoráveis revelaram-se insuficientes.
Agora, sem eleições no horizonte imediato e com o parlamento suspenso até dia 14 de outubro, resta saber (ou adivinhar) o que se vai seguir no longo e tumultuoso processo da saída do Reino Unido da União Europeia.
Em vigor está já a lei que impede uma saída britânica sem acordo, lei essa que obrigará também Boris Johnson a solicitar um adiamento do Brexit, de 31 de outubro para 31 de janeiro, caso não consiga alcançar um acordo com os parceiros europeus até dia 19 de outubro.
Mas irá Boris Johnson respeitar a lei? Reagindo ao chumbo da sua moção, Boris Johnson não respondeu diretamente à pergunta (não tão diretamente como quando na semana passada referiu que prefere "morrer numa valeta" a adiar o Brexit) mas acusou a oposição, nomeadamente o líder trabalhista Jeremy Corbyn, de o colocar numa encruzilhada, pois quer, acusa Boris, “que o primeiro-ministro britânico vá a uma negociação vital sem o poder de se afastar”.
O primeiro-ministro comprometeu-se, no entanto, e enquanto o Parlamento se mantiver suspenso – ou seja, até dia 15 de outubro –, a tentar chegar a um acordo de saída, prometendo negociar um acordo “do interesse nacional” no Conselho Europeu de 17 de outubro.