21 set, 2019 - 10:55 • Redação com Lusa
Enormes incêndios na Amazónia e noutros pontos do globo, um furacão que devastou as Bahamas e um ciclone que atingiu Moçambique em cheio. Ainda com estes eventos frescos na memória, arranca este sábado, na sede da ONU, em Nova Iorque, a Cimeira da Ação Climática, convocada pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
A reunião para tentar o salvar o planeta começa com iniciativas dedicadas à participação jovem e culmina na segunda-feira com uma reunião de líderes políticos de todo o mundo, em que vai marcar presença o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O programa de atividades da Cimeira da Ação Climática conta com centenas de oradores e participantes dos 193 países membros da ONU.
António Guterres faz o discurso inaugural este sábado, às 10h00 locais (15h00 em Lisboa), lançando um dia completo de painéis de discussão liderados por adolescentes e jovens adultos que, segundo o secretário-geral, estão a demonstrar liderança e “estão absolutamente corretos em pressionar para fazer melhor e unir através da ciência”.
Entre os jovens ativistas mais mediáticos com presença prevista estão Greta Thunberg, Bruno Rodriguez, Wanjuhi Njoroge e Komal Karishma Kumar.
Objetivo: reduzir em 45% as emissões até 2030
A "cimeira da juventude" inclui também um fórum intergeracional, onde os jovens podem falar diretamente com líderes políticos de todo o mundo, líderes que levarão a discussão ao alto nível político na segunda-feira, com a apresentação de planos nacionais, iniciativas público-privadas, estratégias e projetos que as Nações Unidas pretendem que sejam audazes e concretos.
A Cimeira da Ação Climática, na segunda-feira, vai consistir na apresentação de projetos ambientais e iniciativas a nível internacional, anúncios de Contribuições Nacionais Declaradas (NDC, na sigla em Inglês) e a nível de parcerias público-privadas entre sociedade civil e empresas, com vista ao cumprimento do Acordo de Paris, alcançado em 2015, e da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável.
António Guterres disse que são esperados planos significativos para reduzir em 45% as emissões de dióxido de carbono durante a próxima década e para chegar à neutralidade carbónica até 2050.
A cimeira, que se realiza durante a semana da Assembleia-geral da ONU, que reúne líderes dos 193 Estados-membros, servirá também para preparar a próxima Conferência das Partes signatárias da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP25), marcada para dezembro, em Santiago do Chile.
As conferências deste fim de semana são dedicadas a temas como empreendedorismo, soluções tecnológicas limpas, adaptação e mitigação de efeitos das alterações climáticas, transformação das cidades e infraestruturas ou implicações político-sociais do clima.
A cimeira discutirá também a transição para energias renováveis ou fontes alternativas, a neutralidade carbónica e a transformação da indústria do alumínio, aço, ferro e cimento.
A Cimeira da Ação Climática vai ser também palco de uma reunião de representantes indígenas de várias partes do mundo no sábado.
Marcelo reúne-se com Guterres no domingo em Nova Iorque
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai reunir-se com o secretário-geral das Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, no domingo, em Nova Iorque, antes do debate geral da 74.ª Assembleia Geral desta organização.
Segundo o programa divulgado pela Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa chega a Nova Iorque no domingo e o encontro com António Guterres está marcado para o fim da tarde, já madrugada de segunda-feira em Lisboa, no gabinete do secretário-geral das Nações Unidas.
Na segunda-feira, o chefe de Estado irá participar e intervir na Cimeira de Ação Climática convocada por Guterres.
Em vésperas desta cimeira sobre o clima, Marcelo Rebelo de Sousa e mais 31 chefes de Estado e de Governo juntaram-se num apelo à comunidade internacional e aos Estados subscritores do Acordo de Paris para que 2019 seja "o ano da ambição climática".
Começou a Greve Climática Global
Milhões de pessoas saíram, esta sexta-feira, às ruas em mais de 180 países para exigir aos líderes políticos mundiais que tomem medidas efetivas para combater as alterações climáticas que ameaçam o planeta, tal como o conhecemos.
As ações desta sexta-feira deram o tiro de partida de uma semana de mobilizações e greves, designada Greve Climática Global, que vai decorrer de 23 a 27 de setembro e coincidir com a Cimeira da Ação Climática, convocada pelas Nações Unidas.
Segundo a jovem ativista sueca Greta Thunberg, a figura mediática deste movimento, a iniciativa já conta com 5.225 eventos agendados em 156 países, em todos os continentes, incluindo a Antártida.
A manifestação em Nova Iorque arrancou na Praça Foley, no sul de Manhattan, com dezenas de organizações não-governamentais, e entre os oradores previstos está Thunberg. As autoridades nova-iorquinas autorizaram 1,1 milhões de estudantes a faltarem às aulas para poderem participar na marcha.
Os jovens convocaram os adultos a juntarem-se à greve pelo clima e sindicatos que representam milhões de trabalhadores em todo o mundo aderiram à iniciativa simbólica.
Dos Estados Unidos à Europa, trabalhadores de vários setores, nomeadamente de empresas tecnológicas como Amazon, Google ou Facebook, abandonaram os seus empregos para pedirem aos políticos que “façam alguma coisa” e para lembrar que “não há planeta b”.
No início do mês, o Papa Francisco disse que os governos vão ter que demonstrar, na cimeira do clima da ONU, "vontade política" para tomar "medidas drásticas" contra as alterações climáticas e defendeu ainda a necessidade de reflexão sobre os consumos diários.
Francisco, que em 2015 lançou a encíclica da ecologia "Laudato Si," apelou a todos os católicos para que rezem com ele e ajam, no mês de setembro, pedindo para que os políticos, cientistas e economistas se unam na proteção dos oceanos.