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Guterres afirma que existe um conflito sério entre pessoas e natureza

21 set, 2019 - 18:09 • Lusa

António Guterres apresentou-se como o “ouvinte principal” da cimeira, em vez de orador.

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O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse este sábado, na abertura da Cimeira da Ação Climática para a Juventude que, pela primeira vez na história, existe um "conflito sério entre pessoas e natureza".

António Guterres afirmou também que o mundo precisa de um novo modelo de desenvolvimento, ligado às alterações climáticas, que garanta justiça e igualdade entre as pessoas, mas também uma relação boa entre a população e o planeta.

O secretário-geral declarou-se e foi apresentado como "ouvinte principal" em vez de orador na abertura da Cimeira da Ação Climática para a Juventude, que se iniciou este sábado na sede das Nações Unidas em Nova Iorque, e fez estas observações depois de quatro jovens ativistas, entre os quais Greta Thunberg, terem falado.

António Guterres mencionou que os conflitos políticos e geográficos acontecem há milhares de anos, mas a novidade é que as populações estão em conflito com o planeta e as consequências estão a atingir os mais vulneráveis.

O conflito com a natureza "pode ser absolutamente destrutivo para o futuro das nossas comunidades e das nossas sociedades", alertou o secretário-geral da ONU.

Para António Guterres, não faz sentido que existam, em várias partes do mundo, subsídios para a utilização de combustíveis fósseis, porque os subsídios são financiados com o dinheiro dos contribuintes.

"Não faz sentido que o nosso dinheiro seja usado para provocar furacões ou para branquear os corais ou para destruir comunidades", exclamou o político português.

O fim dos subsídios pode significar um alívio nas contas dos contribuintes, permitindo um maior movimento na economia verde e a criação de empregos decentes.

António Guterres afirmou que é possível criar uma estratégia de duplo ganho (“win-win”) ao combinar ação climática com uma globalização justa, com a Agenda 2030 e os objetivos de desenvolvimento sustentável.

Por outro lado, lembrou que há uma grande diferença no diálogo sobre alterações climáticas, desde há dois anos e que a principal fonte de uma mudança no impulso foi a juventude.

"Esta alteração no impulso foi em grande parte devido à vossa iniciativa e coragem com que começaram o movimento e transformaram, de um pequeno movimento em frente a um parlamento [...] em milhões de todo o mundo a dizerem claramente que não querem só que os políticos mudem de comportamento, mas que também sejam responsabilizados", disse António Guterres a todos os jovens.

O secretário-geral relembrou que há dois anos, quando começou os trabalhos para a Cimeira da Ação Climática, sentia-se muito negativo e pessimista sobre o estado do ambiente e o combate às alterações climáticas, porque "havia uma sensação de apatia e era muito difícil por todos a dialogar" a nível político.

A impressão negativa mudou "de repente" com o impulso pelos movimentos dos jovens. Apesar de o mundo estar em situação "dramática" e crítica em termo de ambiente, natureza e recursos naturais, o secretário-geral destaca o entusiasmo vindo por parte dos jovens.

Desta forma, o português incentivou os jovens que continuem com o movimento pelo combate às alterações climáticas e as mobilizações em todo o mundo.

"Cada vez mais, responsabilizem mais a minha geração. A minha geração tem fracassado até agora em preservar a justiça no mundo e em preservar o planeta", declarou o português de 70 anos.

O ouvinte principal do painel de abertura da Cimeira da Ação Climática disse que o problema dos líderes políticos é que eles falam demasiado, mas ouvem muito pouco.

Comentários
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  • Joaquim Santos
    22 set, 2019 Tojal 00:55
    Rui O objectivo que está por traz de todo este movimento não é acabar com os pobres, mas sim extermina-los. Abrindo frentes de batalha, justificadas por ditas defesas do ambiente. A Amazónia é uma delas. Atacar o Brasil, por ser o maior país católico. São bandeiras verdes que se transformaram em vermelhas. Porém o fim é o mesmo. Promover a redução populacional para defender o ambiente. Diria que sim, mas não. Reduzir a população para uns tantos continuarem a ter o poder na mão. Esta é a verdade.
  • Rui
    21 set, 2019 Faro 18:43
    O que existe é distribuição injusta de rendimentos, quem produz recebe migalhas, quem especula milhões. Nem a Greta nem o Guterres falam disto. Querem "salvar o planeta"? Acabem com a pobreza.

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