02 out, 2019 - 11:23 • Marta Grosso
A vontade de Donald Trump em acabar com a onda de imigração através da fronteira com o México levou-o a verbalizar várias ideias que deixaram os seus conselheiros atónitos.
A informação é avançada pelo “The New York Times”, num artigo publicado na terça-feira.
Reforçar o muro na fronteira com uma vala cheia de água cheia de cobras ou jacarés, um muro eletrificado com espinhos no topo que pudessem perfurar a carne humana ou sugerir que os militares disparassem contra as pernas dos migrantes para os atrasar na travessia foram algumas das ideias partilhadas.
Em público, o Presidente dos Estados Unidos apenas verbalizou uma: disparar contra os migrantes que atirassem pedras.
A sugestão da vala com cobras e jacarés terá mesmo obrigado os assessores a analisar os custos da medida. Quanto às restantes, tiveram de dizer ao Presidente que não eram medidas legais.
A fronteira com o México tem três mil quilómetros. Numa reunião em março, conta o jornal, Trump chegou à Sala Oval irritado com os migrantes – tal como já tinha acontecido noutras alturas. Mas, neste dia, decidiu ordenar o fecho daquela fronteira às 12h00 do dia seguinte.
Os conselheiros entraram em pânico. Temiam que turistas americanos ficassem presos no México, que crianças ficassem encalhadas em escolas de ambos os lados da fronteira e que, por fim, os dois países entrassem em colapso económico.
Os dias que se seguiram foram de fúria presidencial e muita turbulência na Casa Branca. No final da semana, Trump acabou por desistir da ameaça, mas iniciou um processo de afastamento dos conselheiros que tentaram contê-lo.
"O Presidente ficou frustrado e acho que aproveitou esse momento para apertar o botão de ‘reset’", afirma ao “The New York Times” Thomas D. Homan, antigo diretor interino de Imigração e Fiscalização Aduaneira.
Hoje, Donald Trump está cercado por conselheiros menos dispostos a confrontá-lo, pelo que a ameaça de isolar o país de uma “enxurrada” de imigrantes é real.
"Tenho poder absoluto para fechar a fronteira", afirmou no verão passado, numa entrevista ao “The New York Times”.