04 out, 2019 - 17:55 • Agência Lusa
O Governo grego defendeu esta sexta-feira que a União Europeia (UE) deve impor sanções aos Estados-membros que se recusam a aceitar refugiados, por ocasião de uma visita de representantes europeus à Atenas para discutir matérias migratórias.
“Vou dizer isso de forma muito clara: Vou levantar a questão de sanções específicas para os países europeus que se recusam a participar numa distribuição justa de refugiados a nível europeu", declarou o primeiro-ministro grego, o conservador Kyriakos Mitsotakis, no dia em que são esperados na capital grega o ministro do Interior alemão, Horst Seehofer, e o comissário europeu para as Migrações em funções, Dimitris Avrampoulos.
Após uma passagem por Ancara, os representantes europeus deslocam-se a Atenas para discutir o aumento das chegadas de migrantes provenientes da Turquia às ilhas gregas do mar Egeu registado nos últimos meses.
Os números mais recentes da Organização Internacional das Migrações (OIM), divulgados hoje, apontam para 39.155 chegadas no território grego desde janeiro último, contra as 23.560 chegadas registadas no mesmo período em 2018.
Pela primeira vez desde 2016, ano em que foi assinado o acordo UE-Ancara para travar um fluxo migratório em massa para a Europa (em particular entre as costas turcas e as ilhas gregas), a Grécia tornou-se, este ano, a principal porta de entrada de migrantes e de refugiados para o território europeu.
Kyriakos Mitsotakis fez saber, no entanto, que quer abordar outros assuntos, nomeadamente a oposição de alguns países da Europa central e de leste (como a Hungria, Polónia e a República Checa) ao sistema de quotas obrigatórias para a recolocação de refugiados pelos Estados-membros da UE.
Para Atenas, a posição destes parceiros comunitários sobrecarrega injustamente os Estados-membros que estão na linha da frente dos fluxos migratórios como Grécia, Espanha ou Itália.
"É um ato de hipocrisia", defendeu o primeiro-ministro grego.
“Não podem aproveitar os benefícios (da livre circulação e do comércio livre) e não aceitar 1.000 ou 2.000 refugiados como parte de uma medida de gestão da UE de uma questão”, concluiu Kyriakos Mitsotakis.