11 out, 2019 - 11:00 • Filipe d'Avillez
A Turquia diz que as milícias curdas que está a atacar na Síria são “a alma gémea do Estado Islâmico” e defende a incursão naquele país como forma de se defender contra o terrorismo.
Numa nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Turquia o Governo afirma que a invasão do nordeste da Síria é feita com base “no nosso direito fundamental, segundo o direito internacional, de tomar as medidas requeridas pela nossa segurança nacional contra qualquer ameaça terrorista que vem da Síria”.
O Ministério diz ainda que fez tudo o que estava ao seu alcance para implementar medidas nesse sentido em conjunto com os Estados Unidos, mas lamenta que Washington tenha insistido em continuar a apoiar as milícias curdas do YPG, que descreve como “uma organização terrorista que mantém o leste do Eufrates sob ocupação”.
O comunicado vai mais longe e acusa os curdos de serem “a alma gémea do Estado Islâmico” e autor de “crimes contra a humanidade cometidos contra o povo da Síria bem como contra o nosso país e povo”, afirmando que a intervenção era necessária para evitar que o grupo se tornasse mais forte e se estabelecesse definitivamente do lado sírio da fronteira.
Apesar da comparação feita pelo regime turco, as milícias curdas, que com outras milícias locais, incluindo cristãos e árabes, formam as Forças Democráticas da Síria, foram responsáveis por, com o apoio aéreo da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, derrotar territorialmente o Estado Islâmico na Síria.
Não obstante este facto, a Turquia afirma ser necessário estabelecer uma “zona segura para contrariar as ameaças à sua existência e para a proteger, limpando o leste do Eufrates de terroristas, bem como para fomentar a paz, segurança e estabilidade na Síria”.
“Será assim eliminada uma ameaça séria à integridade territorial e à unidade da Síria, criando uma base sólida para prevenir o ressurgimento do Estado Islâmico ou forças semelhantes no futuro”.
A ocupação do nordeste da Síria pela Turquia teve início na passada quarta-feira e já causou mais de uma centena de morte em fortes combates e dezenas de milhares de deslocados. A operação turca chama-se “Primavera da Paz”.