17 out, 2019 - 10:20 • Lusa
A operação militar lançada pela Turquia contra uma milícia curda no nordeste da Síria levou ao deslocamento de 300 mil pessoas em oito dias, indicou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
"Mais de 300 mil civis foram deslocados desde o início da ofensiva a 09 de outubro", disse Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório, que tem uma extensa rede de fontes naquele país em guerra.
Segundo Rahman, a maioria dos civis teve de fugir dos combates na província de Hassaké, na região de Kobane (província de Aleppo) e na província de Tal Abyad (província de Raqa).
Muitas pessoas deslocadas encontraram abrigo em áreas mais seguras, outras dormiram sob as estrelas em pomares no campo.
Quarenta escolas na província de Hassake foram transformadas em abrigos para pessoas deslocadas, segundo o Observatório.
Em 9 de outubro, a Turquia, com a ajuda de deputados sírios, lançou uma ofensiva em áreas controladas pelos curdos no nordeste da Síria, após a retirada das forças americanas. Dezenas de civis, a maioria curdos, foram mortos desde o início da ofensiva, que o presidente turco Recep Tayyip Erdogan se recusa a interromper, apesar do aumento da pressão internacional.
No início do mês, o Presidente norte-americano Donald Trump anunciou a retirada das tropas norte-americanas da Síria, onde lutavam contra o Estado Islâmico ao lado das milícias curdas, que ficaram à mercê de um ataque da Turquia, que as considera um grupo terrorista.
A decisão foi muito criticada, dentro e fora dos Estados Unidos, e até pelos seus mais próximos apoiantes no Partido Republicano, com acusações de ter traído os seus aliados, que se viram obrigados a pedir ajuda ao Governo da Síria e da Rússia.
Poucos dias depois de ter anunciado a retirada das tropas da Síria, Trump justificou o abandono, dizendo que os curdos não tinham ajudado os aliados na luta contra o regime nazi, na II Guerra Mundial, durante o Dia D (do desembarque na Normadia).
A Turquia tem atacado posições curdas no nordeste da Síria para tentar criar uma zona livre das milícias e anunciou que não desistirá da ofensiva, apesar dos apelos da comunidade internacional e da ajuda do Governo sírio que já se instalou na região.