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Essex

China pede “punição severa” para responsáveis pela morte de 39 pessoas

25 out, 2019 - 11:51 • Marta Grosso com agências

É o último episódio a envolver emigrantes chineses no Reino Unido e pode estar relacionado com gangues de imigração ilegal dos Balcãs. China já enviou especialistas para colaborar na investigação britânica.

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O Reino Unido e outros países europeus têm de assumir a sua responsabilidade no caso das 39 pessoas, todas de nacionalidade chinesa, que apareceram mortas dentro de um camião em Essex, perto de Londres.

A afirmação chega da porta-voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, nesta sexta-feira.

“Esperamos que o lado britânico possa, o mais breve possível, confirmar e verificar as identidades das vítimas, averiguar o que aconteceu e punir severamente os criminosos envolvidos no caso", afirmou Hua Chunying numa conferência de imprensa, segundo a qual a polícia britânica ainda está a verificar as nacionalidades dos corpos.

Mas, mais do que saber donde são as vítimas, a questão é que o caso representa uma enorme tragédia, destacou a porta-voz da diplomacia chinesa.

Hua Chunying apelou, por isso, à comunidade internacional que melhore a cooperação na luta contra a imigração ilegal e também a comunicação entre os sistemas secretos de informação, de modo a evitar mais casos como este.

Na quarta-feira, dia 23, as autoridades britânicas encontraram os corpos de 31 homens e oito mulheres no contentor de um camião estacionado num parque industrial de Grays, condado de Essex (a cerca de 30 quilómetros da capital britânica).

Entre as vítimas está também um adolescente.

"Está claro que a Grã-Bretanha e os países europeus relevantes não cumpriram sua responsabilidade de proteger essas pessoas dessa morte", lê-se num editorial do jornal “Global Times”, um dos mais lidos na China e propriedade do Partido Comunista Chinês.

"Esperamos que a Grã-Bretanha e os países europeus ponham em prática seus vários compromissos com os direitos humanos e façam os devidos esforços para que o povo chinês esteja livre de abusos e morte súbita", diz ainda o artigo.

O contentor vinha de Zeebrugge, na Bélgica. O condutor do camião tinha 25 anos e era natural da Irlanda do Norte. Foi detido e a polícia lançou operações de busca naquele país, como parte da investigação.

Para colaborar nesse processo, a China já enviou uma equipa especial para Essex.

Este não foi o primeiro caso de imigração ilegal na Grã-Bretanha a envolver chineses. O mais grave de todos ocorreu no ano 2000, altura em que foram encontrados 58 corpos num caminhão de tomate no porto de Dover.

Contrabando de seres humanos?

O tráfico de seres humanos com origem na China terá caído bastante nos últimos anos, dado o crescimento da economia doméstica, ainda assim há chineses, sobretudo de meios rurais, que continuam a ir para a Europa e América do Norte pela promessa de salários muito mais altos do que receberiam na China – e não obstante os riscos.

Algumas províncias da China, especialmente Fujian, no sudeste do país, têm uma longa história de imigração.

A questão é sensível para o Partido Comunista, partido único do poder e sensível à imagem internacional da China.

“Mesmo que as vítimas tenham sido contrabandeadas, as suas mortes não foram responsabilidade delas”, afirma-se no editorial desta sexta-feira.

Facto é que as autoridades europeias têm estado atentas a gangues de imigração ilegal nos Balcãs e, na terça-feira, detiveram 10 suspeitos deste crime organizado.

A rota Balcãs-Ocidente é hoje a mais utilizada na Europa e foi por ela que passou metade dos imigrantes contrabandeados no continente europeu.

A Bósnia-Herzegovina tem estado sob particular pressão migratória nos últimos meses, segundo a Europol. De acordo com esta polícia europeia, entre julho e outubro, as polícias eslovena, bósnia-hergovina, italiana e croata, apoiadas pela Europol, conseguiram identificar mais de 150 migrantes ilegais transportados para a Eslovénia pelo Sul dos Balcãs.

Os suspeitos são cidadãos da Eslovénia, da Croácia e da Sérvia, enquanto as vítimas partiram da Síria, do Iraque, do Irão, da Eritreia e do Afeganistão.

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