05 nov, 2019 - 12:49 • Cristina Nascimento
O negociador da União Europeia para o Brexit, Michel Barnier, subiu ao palco central da Web Summit esta terça-feira para falar sobre o processo de saída do Reino Unido da União Europeia, que se arrasta há três anos.
“É uma escola de paciência e tenacidade”, disse Barnier sobre o Brexit, perante uma plateia cheia que seguia atentamente o que tem a dizer o diplomata que tem negociado com os britânicos a saída do clube europeu.
"Qual é a nossa perspetiva além do Brexit? Primeiro, paz. Segundo, proteção do nosso mercado único“, acrescentou na mesma intervenção.
"O Brexit não é só sobre o divórcio entre UE e Reino Unido. Há muitas outras consequências. É sobre a criação de uma nova parceria que dê estabilidade ao continente", disse ainda.
Barnier reconheceu avanços no processo, mas uma das mensagens que quis deixar passar é que ainda há riscos de um não-acordo.
"O risco de um precipício mantém-se e todos devemos continuar vigilantes para esse resultado possível. Mas, se conseguirmos chegar a acordo, as futuras gerações vão olhar para ele de forma positiva", disse, acrescentando que ninguém conseguiu perceber ainda o que é que o Reino Unido ou a Europa ganham com esta separação. "Até agora ninguém conseguiu descobrir o valor acrescentado do Brexit, nem Nigel Farage".
Os impasses na negociação do Brexit já levaram à convocação de eleições legislativas no Reino Unido, que se vão realizar em dezembro. O primeiro-ministro Boris Johnson não conseguiu que o acordo alcançado com a União Europeia fosse aprovado pelos deputados.
Um dos principais obstáculos é a fronteira entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda, com especialistas a manifestar o recéio de que o processo de negociação do Brexit e a sua implementação façam aumentar a violência paramilitar na região.
Desde que os britânicos votaram para abandonar a União Europeia, em 2016, o processo já custou o lugar a dois primeiros-ministros e levou à convocação de duas eleições. O prazo para a saída foi adiado mais do que uma vez, estando agora fixado a 31 de janeiro.
[Notícia atualizada às 13h40]