08 nov, 2019 - 20:42 • Ricardo Vieira
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O antigo Presidente do Brasil Lula da Silva deixou a prisão de Curitiba, onde estava em reclusão há 580 dias, esta sexta-feira. Eram 20h42 (hora de Lisboa).
Lula da Silva foi abraçado e saudado por familiares, amigos, elementos do Partido dos Trabalhadores (PT) e centenas de apoiantes que o aguardavam à saída do estabelecimento prisional.
O ex-chefe de Estado e líder histórico do PT ergeu o punho à multidão e segurou uma tarja onde se podia ler "Lula inocente". De seguida, cantou-se o hino do Brasil e ouviram-se foguetes.
Nas suas primeiras palavras em liberdade, Lula agradeceu a todos os que o têm apoiado ao longo de um dos momentos mais difíceis da sua vida.
“Queridos companheiros e companheiras, vocês não têm noção do significado de eu estar aqui junto de vocês. Eu que a vida inteira tive conversando com o povo brasileiro, não pensei que no dia de hoje poderia estar aqui conversando com homens e mulheres que durante 580 dias gritaram aqui bom dia Lula, boa tarde Lula, boa noite Lula. Não importa que chovesse ou estivessem 40 graus ou zero graus”, declarou.
“Vocês eram o alimento da democracia que eu precisava para resistir à safadeza e canalhice que o Estado brasileiro fez comigo e com a sociedade brasileira”, sublinhou.
Lula contra o "lado podre" do Estado
Neste primeiro discurso em libertado, após 580 dias de reclusão, Lula da Silva disse ainda que foi vítima do “lado podre do Ministério Público, da política federal”.
Promete "continuar a lutar para melhorar a vida do povo brasileiro, que está uma desgraça", e quer provar que foi vítima de uma cabala montada por forças políticas e procuradores do Ministério Público, aqui deixando uma crítica ao atual ministro da Justiça, Sergio Moro, antigo coordenadora da operação anti-corrupção "Lava Jato".
"Eles têm que saber: não prenderam o homem, tentaram matar uma ideia. Uma ideia não se mata, não desaparece e eu quero lutar para provar que, se existe uma quadrilha e um grupo de mafioso nesse país", avisou.
Lula da Silva vai lutar para provar a sua inocência e deixou uma mensagem ao Presidente Bolsonaro e a todos os brasileiros que estão a viver pior e a "passar mais fome": "o amor vai vencer neste país, não é o ódio", e o Brasil "pode ser muito melhor".
O antigo Presidente condenado por corrupção deixou a cadeia poucas horas depois de um juiz ter ordenado a sua libertação imediata.
A decisão acontece um dia depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil ter votado contra a execução da pena antes de esgotados todos os recursos dos arguidos.