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​Hotéis e gondoleiros desdramatizam cheias em Veneza

13 nov, 2019 - 18:52 • José Carlos Silva

“O pior já passou”, “são apenas alguns dias por ano” ou “está sol e estamos vivos”. A Renascença ligou para hotéis e pontos de recolha de passageiros para as gondolas e a resposta dos quatro inquiridos, tirados à sorte em diferentes pontos de Veneza, coincidiu.

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O autarca de Veneza prepara-se para declarar o estado de calamidade, depois da subida da maré para níveis recorde em 50 anos, mas quem vive do turismo traça um retrato mais suave da realidade.

“O pior já passou”, “são apenas alguns dias por ano” ou “está sol e estamos vivos”. A Renascença ligou para hotéis e pontos de recolha de passageiros para as gondolas e a resposta dos quatro inquiridos, tirados à sorte em diferentes pontos de Veneza, coincidiu.

A maré de terça-feira subiu muito, mais de 1,80 metros, inundou cerca de 80% de Veneza e “afundou” a Praça de São Marcos cerca de um metro.

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Mas para que está habituado é “business as usual”. No Hotel Monaco & Grand Canal disseram à Renascença que se “faz a vida normal em Veneza. Agora está sol, e embora há meia noite seja esperada nova cheia”, esta não será problema.

No luxuoso Hotel Paganelli a pergunta incomodou: “desculpe estamos a trabalhar. Mas posso dizer-lhe que agora a maré está a descer, e está mais baixa do que ontem. Ontem foi um caso excecional, OK?”

Mas quem sabe mesmo como se comporta a maré são os que passam os dias nos canais a transportar turistas. A indústria turística das gondolas continua em alta, mesmo nestes dias mais agrestes. Na Gondole Stazie Danieli repete-se a informação e na Gondole Accademia acrescentam um dado: “já não há problema porque não há vento”.

Numa região onde os turistas são aos milhões todos os anos (entre cinco e 15 milhões consoante a fonte), e podem chegar aos 30 milhões em breve, não é de estranhar que tentem transmitir “para fora” uma mensagem de tranquilidade.

Afinal de contas, os cerca de 60 mil habitantes de Veneza vivem em boa parte do turismo. E cheias, não é bom para ninguém, e muito menos para o turismo.

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