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EUA

Ex-embaixadora na Ucrânia diz ter sido alvo de “campanha de difamação” de Trump

15 nov, 2019 - 19:54 • João Pedro Barros com Reuters

Marie Yovanovitch, a terceira testemunha a depor na fase de audições públicas do processo de destituição do Presidente norte-americano, admite ter sido afastada do cargo por ser vista como um obstáculo à agenda de Trump, nomeadamente à investigação ao filho de Joe Biden.

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Processo de destituição. Trump ataca embaixadora no Twitter durante inquérito
Processo de destituição. Trump ataca embaixadora no Twitter durante inquérito

A antiga embaixadora dos EUA em Kiev, Marie Iovanovitch, garantiu esta sexta-feira ter sido vítima de uma “campanha de difamação” de Donald Trump, que se terá aliado a responsáveis ucranianos corruptos para a afastar do cargo – o que aconteceu em maio – e assim levar adiante o seu plano para as relações com o país.

A diplomata foi ouvida pela comissão de Serviços Secretos da Câmara dos Representantes, em Washington, onde o Partido Democrata tenta fazer avançar o processo de destituição do Presidente, com base na tese de que Trump terá pressionado o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenski, a investigar os negócios do filho de Joe Biden (potencial rival na corrida presidencial do próximo ano), oferecendo em troca ajuda financeira e militar ao país.

Iovanovitch confessou sentir-se intimidada e ameaçada por Trump, inclusivamente durante a própria audição, período que o próprio Presidente aproveitou para publicar um "tweet" em que a acusou de ter piorado a situação em todos os países pelos quais passou.

Pode ver a resposta da diplomata no vídeo acima, após Adam Schiff, o democrata que lidera o inquérito, ter sublinhado que considera a intimidação de testemunhas “um assunto muito sério" – mais tarde, a Casa Branca avançou que se tratava apenas da “opinião pessoal” do chefe de Estado e não de qualquer tipo de pressão.

Eric Swalwell, outro democrata membro do comité, afirmou aos jornalistas que o "tweet" de Trump pode ser integrado no processo de destituição como uma tentativa de obstrução à justiça.

Ex-embaixadora acusa procuradores ucranianos

Yovanovitch foi afastada do cargo de embaixadora após ter sido alvo de acusações por parte de Rudy Giuliani, advogado de Trump, num momento em que procurava fazer avançar as investigações na Ucrânia aos negócios da família Biden no setor da energia.

Giuliani também pretendia que a Ucrânia investigasse a teoria, defendida por alguns apoiantes de Trump, de que as interferências externas às eleições americanas de 2016 tinham partido desse país e não do vizinho e gigante russo.

Yovanovitch disse na sessão que a sua demissão minou a confiança no corpo diplomático norte-americano espalhado pelo mundo.

"Não tinha qualquer agenda para lá de tentar levar a bom porto os nossos objetivos de política externa. Ainda considero difícil de compreender como é que interesses estrangeiros e privados foram capazes de prejudicar os interesses dos Estados Unidos desta forma”, ressalvou, acrescentando que a campanha para a sua saída foi conduzida através de um “canal não-oficial”, cujo mentor seria alegadamente Giuliani.

“Havia ucranianos interessados na minha saída”, disse, referindo-se a dois antigos procuradores-gerais ucranianos, Victor Shokin e Iuri Lutsenko, que Iovanovitch acusa de terem tentado dificultar a sua luta de combate à corrupção na Ucrânia.

Na quarta-feira, dois altos diplomatas, William Taylor e George Kent, já tinham testemunhado sobre a grande preocupação que Trump demonstrou nos últimos meses acerca da investigação a Biden, via Ucrânia.

Acusação deverá avançar para o Senado

A impugnação é apenas parte do processo contra o Presidente, que corre na Câmara dos Representantes. É quase certo que ela irá avançar, visto que o Partido Democrata tem maioria.

Porém, para que Trump seja mesma destituído é necessário que a medida seja aprovada por dois terços no Senado onde, pelo contrário, a maioria é Republicana (53 contra 47). Tal seria inédito na história norte-americana.

O Senado deverá assim ser uma espécie de tribunal da acusação, cujos trabalhos poderão decorrer ao longo do mês de janeiro de 2020.

Ex-conselheiro de Trump considerado culpado de sete crimes

Roger Stone, antigo conselheiro da campanha eleitoral de Donald Trump em 2016 e amigo pessoal do Presidente, foi considerado esta sexta-feira culpado de mentir ao Congresso, obstruir as investigações sobre a interferência da Rússia no ato eleitoral e de intimidar uma testemunha, num total de sete crimes.

Stone enfrenta por estas sete acusações uma sentença máxima de 65 anos de prisão, mas a pena deverá ser muito inferior por se tratar de uma primeira condenação.

Trump já reagiu à condenação, num tribunal de Washington, considerando que há outras personalidades que seriam verdadeiramente merecedores de uma condenação, entre as quais a adversária na corrida à Casa Branca em 2016, a democrata Hillary Clinton.

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