20 nov, 2019 - 15:16 • Redação com Lusa
O embaixador dos Estados Unidos na União Europeia, Gordon Sondland, afirmou esta quarta-feira que foi o Presidente Donald Trump quem lhe exigiu que negociasse com a Ucrânia uma troca de favores, confirmando assim a participação ativa do Presidente na controvérsia que ameaça o seu mandato.
Sondland é considerado uma testemunha-chave no processo de impugnação de Donald Trump, já que é o único que teve contacto directo com o Presidente Trump na alegada pressão à Ucrânia pela Casa Branca. Sondland admitiu que pressionou o Governo da Ucrânia a investigar as atividades da família de Joe Biden, rival político do presidente norte-americano, por "instruções expressas" de Donald Trump.
Durante a audição pública na comissão de inquérito para destituição de Trump, Gordon Sondland disse ainda que houve uma relação de troca ("quid pro quo") entre a entrega de ajuda militar à Ucrânia e a investigação à família Biden e que transmitiu preocupação sobre esse facto ao vice-Presidente, Mike Pence.
Sondland disse ainda que ficou surpreendido por mais ninguém ter partilhado com ele a preocupação com a estratégia do presidente para o caso ucraniano.
Na versão do embaixador, que foi um empenhado apoiante da candidatura presidencial de Donald Trump, a pressão sobre o Governo ucraniano para realizar a investigação à família Biden foi impelida por Rudolph Giuliani, advogado pessoal de Donald Trump.
"Giuliani exprimiu os desejos do presidente dos Estados Unidos e sabíamos que essas investigações eram importantes para o Presidente", disse Sondland, perante a comissão de inquérito.
Neste depoimento, Sondland recuou em muitas das declarações que fez em outubro, à porta fechada. O embaixador confirmou que agiu perante o Governo da Ucrânia sob "ordens do Presidente" e que elas pressupunham a pressão para investigação sobre Hunter Biden, filho de Joe Biden, e a sua atividade junto de uma empresa ucraniana, Barisma, suspeita de corrupção, em troca de ajuda militar e de uma reunião do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na Casa Branca.
"Ficou claro para todos" os que participaram no processo que uma reunião na Casa Branca para o presidente da Ucrânia e um telefonema com Trump só aconteceriam se o presidente Volodymyr Zelensky concordasse em lançar uma investigação sobre as eleições nos EUA em 2016 e sobre o filho do ex-vice-presidente Joe Biden, disse Sondland.
Antes de se tornar embaixador, Sondland teve uma longa carreira como empresário do setor da hotelaria.
O 45.º presidente norte-americano, em funções desde 20 de janeiro de 2017, qualificou a investigação como uma "caça às bruxas".
As audições públicas do inquérito arrancaram em 13 de novembro.
Se as conclusões do inquérito forem aprovadas por maioria simples na Câmara dos Representantes, o processo segue para o Senado, sendo necessária uma maioria de dois terços para a destituição do presidente.