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COP25

Governador do Banco de Inglaterra quer obrigar empresas a avaliar e publicar risco climático

10 dez, 2019 - 23:47 • Redação com Lusa

Mark Carney que sejam tomadas medidas para combater as emissões de gases com efeito de estufa nas empresas.

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O governador do Banco de Inglaterra, futuro representante especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o clima, revelou, esta terça-feira, que quer tornar obrigatória a avaliação e publicação dos riscos climáticos pelas empresas. A afirmação de Mark Carney foi feita durante um discurso na 25.ª Conferência das Partes (COP25) da ONU, que decorre em Madrid.

Atualmente, cerca de 1.100 empresas dos países do grupo das 20 principais economias mundiais, o designado G20, já fazem esta avaliação, que foi recomendada, no final de 2016, por um grupo de trabalho sobre as informações financeiras ligadas ao clima (TCFD).

"Vamos trabalhar para afinar essas normas e torná-las obrigatórias, para que todas as decisões financeiras as possam considerar", declarou o chefe do banco central britânico (BoE), que vai suceder, no início de 2020, ao ex-mayor de Nova Iorque, Michael Blomberg, na qualidade de representante para os assuntos da crise climática.

"Os investidores não devem considerar apenas o risco de hoje, mas também o de amanhã", continuou, insistindo com os empresários para que tomem medidas para combater as emissões de gases com efeito de estufa nas suas empresas.

Necessidade de alargar critérios


Carney estimou que "as abordagens para medir e gerir as implicações financeiras das alterações climáticas para os investimentos têm sido inadequadas". Para o dirigente do BoE, é preciso alargar os critérios de medida do impacto da crise climática para as empresas.

Na sua opinião, a medida da pegada carbónica não tem uma forte capacidade de previsão associada, com os desinvestimentos a focarem-se apenas nos setores mais emissores de dióxido de carbono e os investimentos ditos verdes a serem ainda muito reduzidos. Assim, propôs que se considerasse uma outra medida, o "potencial de aquecimento" dos investimentos e atividades de uma dada empresa.

Citando o colossal fundo de pensões publico japonês GPIF, que estimou que os seus ativos correspondiam a uma trajetória de aumento da temperatura média global em 3,7 graus centígrados, Carney disse que, além deste aspeto "chocante", estes números deveriam estimular ações concretas para inverter a tendência.

"Portanto, mesmo que seja importante realçar os investimentos muito verdes ou os desinvestimentos em atividades muito 'castanhas' (isto é, poluentes), há 50 tons de verde e trata-se da transição de toda a economia", insistiu o banqueiro central.

"As empresas devem ser recompensadas ou penalizadas conforme estejam do bom ou do mau lado da transição", concluiu.

No final de junho, Mark Carney anunciou que o BoE ia lançar um teste de resistência à crise climática do sistema financeiro britânico, alguns meses depois de assinado com outros banqueiros centrais e dirigentes do setor financeiro um artigo de opinião em que explicava que o objetivo da neutralidade carbónica até 2050 "exige uma reafectação massiva de capital".

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