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COP25

Povos indígenas pedem proteção para territórios e fim de assassinatos de líderes

10 dez, 2019 - 22:08 • Redação com Lusa

Movimento Minga Indígena faz apelo na COP25 para que, até sexta-feira, haja respostas concretas às suas reclamações.

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Vários povos indígenas exigiram respostas concretas no combate às alterações climáticas, esta terça-feira. O movimento Minga Indígena, que agrega povos de vários continentes, reclamou uma ligação à natureza e ao território constantemente usurpado que custa a vida aos seus líderes e o futuro aos seus filhos.

No pavilhão das agências do clima das Nações Unidas na COP25, cimeira do clima que se realiza em Madrid, o movimento Minga Indígena entregou uma carta e fez um apelo para que, até sexta-feira, se consigam respostas concretas às suas reclamações.

"É um pedido de socorro para agora, para que se tome uma atitude", disse à agência Lusa a representante do povo Guarani do Brasil. Andreia Takwa afirmou que "a exploração da terra, da floresta, da água pela mineração e o agronegócio" é uma realidade com que vivem diariamente.

"Quando queremos defender o nosso território, nós somos assassinados, humilhados, presos, criminalizados, expulsos", lamentou, frisando que nenhum governo brasileiro "deu de graça" qualquer direito aos indígenas, cujos direitos resultaram de "muitas batalhas com o governo".

Andreia Takwa frisou que "não basta discutir na COP soluções que vão demorar muito tempo, porque o planeta e os povos originários não têm tempo para isso, não têm mais como esperar".

Fez-se história na COP25


Representantes Guarani, Ponca (Estados Unidos), Mapuche (Chile), Dakota (Estados Unidos) estiveram na COP25 para divulgar a carta, "um facto histórico", por ser a primeira vez que tal diversidade fala a uma só voz numa conferência do clima, salientou Andreia Takwa.

No documento, os povos indígenas afirmam-se "guardiões e protetores da vida" por defenderem os seus territórios, "os mais biodiversos do planeta", diretamente ligados quer à sua espiritualidade, quer à sua sobrevivência.

Dirigindo-se aos representantes dos Estados que estão representados na cimeira, os povos indígenas acusam-nos de serem "cúmplices de toda a destruição" por procurarem o lucro explorando os recursos naturais.

"Se o petróleo, o gás natural e o carbono estão nas profundezas da terra, é porque a Mãe Natureza aí os deixou", argumentam, concluindo que ir explorá-los é contranatura.

Na carta climática dos povos indígenas, reclama-se que se investigue "de forma transparente os assassinatos dos líderes" indígenas, perseguindo "os autores materiais e intelectuais" de tais crimes e garantindo a segurança e proteção dos que enfrentam ameaças à sua segurança.

Numa sessão que se fez ouvir em todo o pavilhão da Feria de Madrid, com música, cantos tradicionais, coloridos trajes indígenas e fumo de cachimbo, estiveram representantes que "vieram de barco, viajaram centenas de quilómetros, muitos entraram num avião pela primeira vez", indicou Andreia Takwa.

"Desde o primeiro dia da COP [que começou a 2 de dezembro] que estão em alojamentos a dormir num colchão no chão. Mas estão aqui", destacou.

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