14 dez, 2019 - 17:55 • João Pedro Barros com Lusa
As organizações não governamentais (ONG) presentes na Cimeira do Clima, em Madrid – que deve terminar na noite deste sábado, um dia depois do previsto – anteciparam-se e realizaram uma sessão de encerramento alternativa.
Em jeito de plenário, com vários responsáveis sentados no chão e vários ativistas a transmitir via redes sociais, em tempo real, as comunicações, o tom geral foi de revolta. Mesmo sem se conhecerem as conclusões, fala-se do desmantelamento do Acordo de Paris, assinado em 2015 e que tinha como objetivo reduzir as emissões de gases e conter o aquecimento global abaixo de 2º.
As organizações da sociedade civil dizem que os governos estão a trair as pessoas e apontam culpas a vários países que estarão a bloquear os acordos, nomeadamente Brasil e Estados Unidos, mas também se apontou o dedo à União Europeia.
No exterior, o movimento Extinction Rebellion, que apela à desobediência civil não violenta para pressionar os Governos mundiais a agir em defesa do clima, realizou uma ação de protesto. Um monte de estrume foi deixada à porta do da Instituição de Feiras de Madrid (IFEMA), onde continuam as negociações. O plenário foi novamente adiado para as 21h de Portugal continental.
A Zero foi a única ONG portuguesa presente na sessão. Francisco Ferreira explicou à Lusa que, no essencial, as organizações não-governamentais foram dizer que as negociações na cimeira "estão a trair aquilo que a sociedade tem vindo a pedir insistentemente" que é mais ambição na luta contra as alterações climáticas.
O objetivo da cerimónia, explicou, foi fazer um contraponto entre aquilo que é "o desentendimento e a incapacidade de decisão" que demonstram os países na cimeira, e aquilo que "une a sociedade civil e que através de mobilizações à escala global tem vindo a ser pedido para ser feito, e que não está a ser feito".
O que não está a ser feito, e que as organizações queriam que saísse do encontro de Madrid, é nomeadamente mais ambição na mitigação dos efeitos das alterações climáticas, urgência na redução dos gases com efeito de estufa, mais financiamento, que não haja um mercado de carbono global que estrague os objetivos de redução das emissões, a preservação da biodiversidade, a ciência como fundamento de toda a ação climática, ouvir as pessoas e apoiar os mais vulneráveis.
Questões para as quais as organizações esperavam respostas e que até este sábado, ainda que já tenha passado mais um dia do que o previsto, a cimeira não resolveu. Nas palavras de Francisco Ferreira as organizações presentes, de representantes de povos indígenas a organizações ambientalistas, de mulheres e de jovens, apresentaram elas mesmo as decisões que deviam sair da cimeira.